Entre os caminhos para o combate ao câncer de mama, a oncogenética tem se destacado como uma das áreas mais promissoras da medicina moderna. Esse campo busca compreender a predisposição hereditária ao câncer e oferecer estratégias de prevenção personalizadas.
O oncologista Davi Carvalho explica que o acompanhamento genético pode beneficiar não apenas pacientes, mas famílias inteiras, ao possibilitar a identificação de mutações associadas ao desenvolvimento da doença.
“A oncogenética é o estudo do risco da predisposição hereditária ao câncer. Quando o paciente vem em consulta, avaliamos esse risco individual e familiar. A partir disso, verificamos a indicação de testes genéticos que podem revelar variantes ou mutações capazes de aumentar o risco da doença”, explica o médico.

Segundo o especialista, o exame pode ser realizado de duas formas: por coleta de sangue ou por swab bucal, uma técnica simples e indolor.
“Os exames não conseguem prever quem vai ter câncer, mas identificam pacientes com maior risco de desenvolvê-lo. Com essas informações, podemos definir medidas preventivas e estratégias de detecção precoce, ou até reduzir as chances de surgimento da doença”, detalha.
Davi Carvalho ressalta que o câncer, na maioria dos casos, é uma doença multifatorial, influenciada tanto por fatores genéticos quanto comportamentais.
“Os hábitos que mais pesam para o desenvolvimento da doença são obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. A idade também é um fator importante, especialmente no câncer de mama, mas é algo que não podemos modificar. Já os hábitos, sim”, observa.
Entre os principais genes estudados pela oncogenética estão o BRCA1 e o BRCA2, conhecidos como genes supressores de tumor. Eles atuam no reparo do DNA e no controle do ciclo celular.

“Quando esses genes sofrem mutações patogênicas, essa supressão deixa de ocorrer de forma adequada, e as células passam a se multiplicar desordenadamente, o que pode dar início ao câncer”, explica o oncologista.
Um levantamento da Vigilância Epidemiológica dos Estados Unidos indica que as mulheres têm entre 12% e 13% de chance de desenvolver câncer de mama ao longo da vida. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 73,6 mil novos casos da doença entre 2023 e 2025.
Antes de realizar qualquer teste genético, o médico enfatiza a importância do aconselhamento genético, etapa essencial para avaliar se o exame é realmente indicado.
“De modo geral, têm maior risco os pacientes jovens, abaixo de 50 anos, mesmo sem histórico familiar; mulheres com tumores de mama triplo negativo; homens com câncer de mama; e pessoas de origem judaica com histórico da doença. Mas é durante a consulta com um oncogeneticista que serão analisados o histórico individual e familiar do paciente e determinar se o teste é necessário”, explica Davi Carvalho.
*Com Ascom
Foto de Capa: Reprodução/Assessoria