Em Roma, Lula falou sobre o desafio para erradicação da fome no mundo. No Vaticano, parece que dividiu orações com o papa Leão 14. Na volta ao Brasil, o presidente retoma duas pautas urgentes. A primeira depende apenas de uma assinatura. Trata-se da indicação de um nome para o STF no lugar de Luís Roberto Barroso. A outra pauta imediata é a estratégia política após a última derrota na Câmara dos Deputados.

Na verdade, o PT foi rápido no gatilho e desencadeou uma campanha que joga na oposição o selo de defensora dos podres de rico. O centrão e a extrema direita agiram em nome de bets, bancos e bilionários. A mensagem central dos vídeos do PT passa por essa narrativa. A comunicação do governo vai na mesma rota, sob idêntico roteiro.

Desde o tarifaço de Donald Trump, a publicidade oficial vai navegando numa só direção, tentando aprimorar o texto final, digamos assim. Opositores não passam recibo, mas percebem que a redação para vender o peixe governista escalou alguns degraus. Daí a confusão, a troca de socos e pontapés nos corredores da ultradireita.

União Brasil e PP deram ordem para que seus ministros no governo entregassem os cargos. Até ontem se dizia pela imprensa que um ministério “não tem mais importância nenhuma”. Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte) acabam de provar o contrário. Escolheram ficar nos postos – e mostrar serviço em ano eleitoral.

Depois de anunciar mudanças no processo para retirada da CNH – derrubando os custos em até 80% –, o governo vai defender o projeto tarifa zero. O que sempre pareceu miragem agora até Fernando Haddad diz que o debate não pode ser interditado na largada. A cúpula do PT vê o projeto como prioridade. E Lula pensa o mesmo.

Olhando os arredores, à procura de um discurso forte na extrema direita, nas últimas semanas temos o de sempre recauchutado. Ligar o petismo à corrupção nunca saiu de moda desde que o mensalão explodiu em 2005. A outra marca desse campo é a retórica do pânico ao tratar de casos de violência – pauta tende a ser crucial em 2026.

Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior e Ronaldo Caiado reciclam esse modo de pensar o Brasil a partir dos dois grandes blocos – insegurança e roubo do dinheiro público. A tarefa é fazer isso colar cotra o adversário. A repetição pode soar oportunista e farsesca.

Já o governo, até jogando parado, se deu bem em partidas decisivas. Na obrigatória lembrança do óbvio, há muitos temas com potencial para tumulto. A conferir o desempenho de lulismo e direita extrema – as duas maiores forças do sistema.