A federação União Progressista periga implodir antes mesmo de ser oficializada na Justiça Eleitoral. Com esse nome delirante, o casamento entre o União Brasil e o PP ainda é extraoficial, mas já acumula desgastes para todos os lados. O menor dos problemas são os arranjos paroquiais – como em Alagoas, por exemplo. Aqui, o deputado federal Alfredo Gaspar tem a pretensão de ser uma voz de comando.
Mas, até agora, nem a chefia estadual de seu partido ele conseguiu. A presidência do União é ocupada por Luciano Ferreira Cavalcante, um preposto do deputado federal Arthur Lira. Ele mantém sob suas ordens o União e, é claro, o PP, a legenda a qual é filiado. Refém de Lira, Gaspar pode pular fora do partido e se aventurar por alguma sigla ainda mais reacionária. No radar, é evidente, a decisão sobre a eleição de 2026.
Com variados personagens e diferentes níveis de desencontro, a federação enfrenta o mesmo tipo de confusão em outros estados. Mas o que está pegando mesmo é a disputa em âmbito nacional. Nos últimos dias, Ronaldo Caiado e Ciro Noguera trocaram insultos. Em público os termos foram irônicos. Longe das câmeras, os elogios são impublicáveis.
O tumulto foi às manchetes depois que Nogueira, presidente nacional do PP e mandachuva na federação, descartou o nome de Caiado como candidato a presidente. O governador de Goiás partiu pra cima com a diplomacia que marca sua trajetória. Nesse caso, justiça seja feita, Nogueira está à altura do colega. Que dupla de dois!
Para o senador Ciro Nogueira, Bolsonaro deve escolher o candidato entre Tarcísio de Freitas e Ratinho Junior (na verdade, Ratinho entra aí apenas para fazer número). De ontem para hoje, a imprensa especula que Caiado pode deixar o União em busca de quem o aceite como aspirante ao Planalto. Ele nega essa possibilidade.
Eu falei que Ciro Nogueira é um dos chefões da federação União Progressista. O outro coronel é Antônio Rueda, o inverossímil presidente do União, o partido. Nas últimas 24 horas, o nome de Rueda apareceu em outro episódio envolvendo empreendedores do PCC. Aliás, o deputado Alfredo Gaspar mantém silêncio sobre esses fatos.
E assim a caravana segue por caminhos estreitos, esburacados e beligerantes. O coronelato troca tiros entre os seus, entre uma rasteira no aliado e notícias delicadas sobre relações até com o crime organizado. A agitação tende a aumentar.
O que até agora se apresenta como a virtual maior força partidária do país – com bancada gigante no Congresso – pode sumir antes do reconhecimento em cartório. Se resistir à tempestade, a federação pode resultar bem menor do que o anunciado.