A mesma Câmara que aprovou a PEC da Bandidagem rejeitou a cobrança de imposto para ricaços da especulação financeira, das bets e do agronegócio. Mais uma vez, centrão e bolsonarismo fecharam questão e impuseram a vitória do gangsterismo na política. Os mais despudorados ainda têm coragem de gravar vídeo em rede social afirmando que foi “uma vitória do povo”. Que fase vive nosso parlamento!
Dessa vez, o rolo compressor na defesa dos bilionários contou com a cumplicidade de governadores. Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Junior e outros pressionaram as bancadas de seus estados para sabotar a Medida Provisória do governo. Ao agir contra as demandas do país, esses personagens mostram que subiram no palanque – e nada mais interessa a não ser 2026. Mas a jogada pode ter efeito contrário.
Como mostrou a pesquisa Quaest sobre a disputa presidencial do ano que vem, Lula se descolou dos adversários e ampliou a diferença sobre todos eles. Do matador moderado de São Paulo ao filhote do ratão do Paraná, os aspirantes comem poeira atrás do velho sapo barbudo. No retrato de agora, o petista caminha para a reeleição.
Assim como Eduardo e a família Bolsonaro deram a Lula uma bandeira e tanto, a extrema direita via Câmara dos Deputados, com ajuda dos governadores, faz o mesmo agora. Por isso, as redes já foram inundadas com a reação automática – sim, é o Congresso e seus cúmplices contra o povo brasileiro. Sim, ricos chutando os pobres.
Após a votação que blindou poderosos de pagarem um trocado sobre suas fortunas, de novo se viu aquele espetáculo grotesco de gritaria e comemoração dos patriotas. Aos berros, os picaretas celebravam a traição ao país com o slogan tão falso quanto vagabundo: “Ninguém aguenta mais imposto nesse país”. Ainda fazem comédia.
Como devidamente demonstrado ao longo de meses, o parlamento brasileiro foi sequestrado por facções como PL, União Brasil e PP. Os líderes dos faccionados têm como método principal de ação a chantagem e a extorsão. Dureza para o governo.
Ainda bem que, atestam as pesquisas, as quadrilhas recuam quando as ruas e a pressão popular se manifestam. Foi assim com a PEC para blindar bandidos e a anistia para presentear com impunidade a gang dos golpistas. A conta vai chegar.