Nunca um simples telefonema revelou tanta loucura e tanta canalhice de um grupo político no Brasil. Nas últimas 24 horas, deputados, senadores, governadores e desocupados filiados à extrema direita tentam emplacar a seguinte sinopse da novela: após cair na arapuca de Trump, agora Lula está perdido. Segundo esse delírio coletivo, o presidente brasileiro acaba de sofrer uma derrota acachapante dos Estados Unidos.
Por qualquer lado que se observe, é uma avaliação tão errada quanto ridícula. Como sempre, os vereditos mais “sofisticados” foram de Eduardo Bolsonaro, Paulo Figueiredo e Sóstenes Cavalcante. O filho doidão, o neto do último ditador e o afetado líder do PL se esforçam ao máximo para passar vergonha com um discurso sem lógica.
Ainda que houvesse um milímetro de plausibilidade no que dizem, a postura do trio revela o quanto as coisas viraram de cabeça para baixo. Eles comemoram o que seria uma derrota diplomática do Brasil, com consequências negativas para nossa economia. Dão pinotes feito três vadios que torcem contra o próprio país.
Igualmente depravados são todos os que seguem a mesma coreografia amoral. Aliás, um dia desses, outro vadio, desta vez da política alagoana, também defendeu que o melhor para nós seria uma intervenção dos Estados Unidos. Nem os acanalhados golpistas de 64 rastejaram com tamanha voracidade frente aos dotes dos machões americanos.
Então é isso um “conservador”, um “cidadão de bem”, um “patriota”?! Que belas porcarias. Esses são os rapazes que fazem a “direita civilizada”? Está claro que tudo isso é o retrato da extrema direita, devidamente representada por políticos que se orgulham de achincalhar valores consagrados da democracia, que se orgulham até de matar.
Enquanto isso, Tarcísio de Freitas, outro matador moderado, fala sobre as mortes por bebidas falsificadas com metanol: “No dia em que começarem a falsificar a Coca-Cola, eu vou me preocupar”. Assim como Bolsonaro, ele também não é coveiro. É o governador do boné vermelho a favor de país estrangeiro, ainda que exploda o Brasil.
Todos eles, não esqueçamos, vão à missa ou ao templo evangélico todos os domingos, porque são senhores de fé. Família em primeiro lugar, Deus acima de tudo. A mesma turma que embala essa hipocrisia rasteira tem passeata marcada para hoje, em Brasília. Mais um ato para pedir anistia ao bandido que está preso, sofrendo numa mansão.
Para temperar essa patifaria bolsonarista, veio o telefonema – o que fez a quadrilha fanatizada afundar num transe. Eduardo, Ciro Nogueira, Malafaia e todos da mesma laia inventaram a Teoria da armadilha de Trump contra Lula. O desespero atropela a razão e homenageia o patético. Imagine se o telefone tocar novamente.