Não bastasse o bolsonarista Leonardo Dias na Câmara de Maceió, outro nanico da “nova política” resolveu insultar a vereadora Teca Nelma (PT). Dessa vez foi um tal de Lelo Maia, deputado estadual e legítimo herdeiro de uma oligarquia da quarta divisão alagoana. O primeiro é do PL, a facção de Bolsonaro e de Valdemar da Costa Neto. Maia é do União Brasil e pau-mandado de Marcelo Victor na Assembleia Legislativa.

Ao que parece, sem ocupação no parlamento do Estado, o cidadão de bem resolveu se distrair com a pauta de outra casa legislativa, no caso a vereança da capital. Não lembro de situação semelhante nas últimas décadas. Eu fico na dúvida se o episódio se enquadra na extravagância, na comédia ou na cretinice. Ou nas três categorias juntas.

Da tribuna da Assembleia, Sua Excelência Lelo Maia fez insinuações rasteiras sobre a vereadora. Tudo porque ele não gostou de uma reunião aberta promovida por Nelma para discutir um projeto que tramita na Câmara acerca da transição de gênero na adolescência. O projeto de autoria de Leonardo Dias tenta, é claro, criminalizar o tema.

O coleguinha foi no embalo. Em sua fala desqualificada, Maia misturou o assunto com pedofilia, um recurso clássico do reacionarismo perturbado que enjaula essa turma. A distorção deliberada poderia render um processo contra esse irresponsável. É o mesmo truque sujo usado por Bolsonaro e seguidores nos últimos anos no Brasil.

Para surpresa de ninguém, durante a baixaria retórica de Maia, o deputado Cabo Bebeto fez um aparte – para requintar um pouco mais o enlameado momento do Legislativo de Alagoas. Por essas e outras, a política é o que é. Dias. Maia. Bebeto. Santo Deus!      

A parlamentar não precisa da minha defesa. Já deu mostras na Câmara de sua coragem para encarar machinhos histéricos. Como mostrou a jornalista Vanessa Alencar aqui no CM, a vereadora respondeu a Maia com firmeza e objetividade, sem recorrer a volteios insidiosos como fez seu agressor. “É assim que nós trabalhamos, deputado: com diálogo, com participação popular, sem ameaças”, ensina ela ao mequetrefe.

Além de estúpidas, as afirmações de Maia são covardes. Ele se refere a Teca Nelma e à mãe da vereadora, a ex-deputada federal e atual secretária de Estado Tereza Nelma, sem citá-las nominalmente. É típico desses valentes de mostruário. Atiram e se entocam.

Em 2021, o vereador Fábio Costa, delegado que hoje é deputado federal, tentou intimidar a mesma Teca Nelma. O bolsonarista se descontrolou ao ouvir a vereadora chamar o então presidente de genocida – pelos crimes que o marginal cometeu na pandemia de Covid. Costa defendeu que ela perdesse o mandato por “quebra de decoro”. O brucutu e seus rapazes seguranças andavam armados nos ambientes da Câmara.

Naquela ocasião – e agora – a presidência da Câmara e demais integrantes silenciam diante de uma afronta a uma vereadora da Casa. A omissão nesse tipo de caso não é alternativa para quem pretenda honrar o mandato popular. Teca Nelma, reitero, é uma voz altiva e corajosa, uma exceção entre medíocres e arruaceiros da política.