Quando Eduardo Bolsonaro partiu para os Estados Unidos, em fevereiro deste ano, estava certo de que começaria uma aventura gloriosa. Uma aventura pessoal e política. Vendido entre os seus como “embaixador da direita” no mundo, o deputado federal tinha como objetivos principais detonar o governo Lula e solidificar o projeto eleitoral para 2026. A investida se completaria com um bombardeio sobre o Supremo Tribunal Federal.

Sete meses depois do desembarque em solo americano, os planos do filho de Bolsonaro derreteram de maneira irreversível. Hoje, ele fala feito um pateta, como se estivesse não em outro país, mas em outro planeta. O discurso aloprado não tem conexão nenhuma com a realidade. O sujeito navega, não resta dúvidas, em algum universo paralelo.

Vejam um sinal definitivo do quanto o Zero Três está perdido. Reportagem sobre ele na Folha de S. Paulo lista políticos que o consideram o “plano B” para disputar a Presidência, caso o Jair não seja candidato – o que de fato não ocorrerá. 

Quem encerra a matéria é o deputado Cabo Bebeto: “É a nossa segunda opção, sem sombra de dúvida”, delira o parlamentar alagoano. Os outros citados são tão relevantes quanto nosso conterrâneo. O terraplanismo ideológico segue firme na ultradireita.

Agora vamos tratar do mundo de verdade. A Câmara Federal está diante de uma situação que se pode chamar de imperativo moral. O parlamento terá de cassar o mandato desse traíra confesso. Todas as ações do fujão resultam no flagrante crime de lesa-pátria. Ele agiu deliberadamente contra os interesses do país e suas instituições. A verborragia de Eduardo mistura cinismo, arrogância e claros delitos à Constituição brasileira.

Ele pode perder o mandato pelas faltas ao trabalho sem justificativa. Ao mesmo tempo, um processo foi aberto num Conselho de Ética cuja formação (como já escrevi no blog) tem maioria de integrantes da extrema direita. Ocorre que, diante do escândalo a céu aberto, a pressão popular sobre Suas Excelências tem tudo para resolver a parada.

Além disso, o STF toca um processo criminal contra o traidor por coação à Justiça. Ele é acusado de tramar iniciativas junto a autoridades americanas para tumultuar o julgamento de Bolsonaro. As sanções contra autoridades brasileiras estão entre essas medidas de sabotagem e coação. O conjunto da obra é devastador para ele.

Sem exagero, é aquela história: ou a Câmara cassa o mandato dessa tranqueira ou acrescenta novos parafusos na engrenagem fatal de autodesmoralização. Quanto mais retarda a decisão, mais corrosivo o veneno para o Legislativo. Não há escapatória.