Seis dias atrás, escrevi aqui no blog que é praticamente impossível que a disputa para o Senado em Alagoas conte – ao mesmo tempo – com os nomes de Arthur Lira, Alfredo Gaspar e Davi Davino Filho. Fiz o comentário após divulgação de pesquisa Real Time Big Data, um instituto nacional de reconhecida credibilidade. De acordo com os dados, os três políticos aparecem embolados na disputa pela segunda cadeira em jogo em 2026.

Na mesma pesquisa, o senador Renan Calheiros lidera a corrida e deve garantir a primeira vaga. Agora, o deputado federal Arthur Lira diz ao jornal O Globo que, de fato, o trio não vai brigar na urna. Trata-se de aliados – e o único candidato aí será ele mesmo. É um recado direto, curto e grosso para os outros dois aspirantes. Tudo resolvido?

Antes de especular sobre a pergunta, vamos lembrar um dado essencial. Lira é do PP, Gaspar é do União Brasil. Os dois partidos fecharam uma federação nacional. Quem manda na federação em Alagoas é, claro, Arthur Lira. Davino é do Republicanos, legenda chefiada no estado pela família do deputado estadual Antônio Albuquerque.

Com esse desenho partidário, pode-se especular que o deputado federal Alfredo Gaspar está fora do jogo. Vai seguir a dica do colega de federação – e tentar renovar o mandato na Câmara. Mas o ex-deputado Davino não está sob as ordens de Lira, ao menos em tese. Ele já afirmou, mais de uma vez, ser candidato ao Senado. E não tem conversa.

Davino diz que o presidente nacional de sua legenda, o deputado Marcos Pereira, já lhe garantiu apoio para senador. Mas o primeiro vice do Podemos é Hugo Motta, o invertebrado presidente da Câmara. E Motta, corre no Congresso, não resiste ao charme de Arthur Lira. Não sei se isso pode ter alguma influência na decisão da sigla.

A declaração do ex-presidente da Câmara não pode ser vista como algo trivial. Longe de ser um comentário aleatório, é uma posição calculada. Ocorre num momento em que Gaspar ganha projeção com a CPMI do INSS. Nesta noite de segunda-feira, ele foi destaque no Jornal Nacional. É material valioso para uma campanha acirrada.

Davino perdeu a eleição para prefeito de Maceió em 2020 – e caiu na disputa ao Senado em 2022. Mas aqui estamos diante de uma raridade: nos dois casos, não pode ser visto como derrotado. Não levou, mas saiu maior do que entrou nas campanhas. 

Como falta uma eternidade para a eleição, é um erro crasso tentar cravar isso ou aquilo. A guerra ainda vai pegar fogo. A conferir como Davi Davino reagirá à previsível “sutileza” de Arthur Lira – aquele que pretende decidir até quem será seu adversário. Por aí.