O delegado Fábio Costa se valeu das atividades na Polícia Civil de Alagoas para deslanchar uma promissora carreira na política. Nem completou o mandato de vereador, e já partiu para Brasília. Repete o mesmo figurino e a mesma estratégia de muitos pelo Brasil afora. Na retórica, é um inimigo da criminalidade. Dia sim, dia também, ele aponta o dedo para mais um suspeito, em sua opinião, de atuar na defesa do crime organizado. 

Com uma ideia fixa na cabeça e uma pistola na cintura, o homem defende a linha dura contra os marginais de todos os tipos e facções. Costa é membro da Comissão de Segurança Pública na Câmara dos Deputados, presidida pelo perturbado Paulo Bilynskyi. É um coletivo de fanáticos bolsonaristas, um dos ambientes mais podres do Congresso.

O parlamentar que representa Alagoas acaba de participar de uma audiência sobre a PEC da Segurança, enviada ao parlamento pelo Ministério da Justiça. Sua assessoria divulgou o seguinte: “Em sua fala, Fabio Costa destacou a necessidade de endurecer as penas contra criminosos que financiam facções ou atuam no crime organizado”. Ok.

O xerifão das Alagoas falou mais, ainda segundo a assessoria de seu gabinete: “Ele lembrou sua experiência em debates sobre a Lei Orgânica da Polícia Civil e disse que o Brasil não pode mais conviver com brechas legais que, em sua avaliação, enfraquecem o enfrentamento à criminalidade”. É um patriota defensor da lei e da ordem. 

Muito bem. Faltou a assessoria do deputado lembrar que ele votou a favor da PEC da blindagem – aquela medida que foi repudiada pelas multidões nas ruas de todo o país. E o que previa essa emenda à Constituição brasileira? Quem seria beneficiado?

Responde o senador Alessandro Vieira – que também foi delegado da Polícia Civil em Sergipe: “Essa PEC é uma proteção ao crime, estimula a impunidade, abre as portas do parlamento de vez para o crime organizado, para o PCC. É uma PEC desenhada para proteger bandidos”. Então Fábio Costa combate mesmo os bandoleiros?

Alessandro Vieira foi o relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, a Casa que enterrou essa vergonha, essa vagabundagem imoral que afronta o povo brasileiro. Os deputados que assinaram esse lixo precisam se explicar. 

O senador Omar Aziz foi definitivo sobre o tema: “Eu nunca vi uma PEC ter tantos apelidos como essa teve. Era a PEC das prerrogativas. Aí virou PEC da bandidagem, PEC da picaretagem, PEC da imoralidade, PEC da impunidade, PEC do escudo parlamentar, PEC do PCC, PEC do escudo da corrupção, PEC dos intocáveis”. É pra desenhar? 

Para Fábio Costa, sim. O valente, assim como assemelhados na Comissão de Segurança, votou topado a favor da PEC da bandidagem, a proposta que convidava o PCC para o parlamento brasileiro. Até agora, não deu um pio sobre o voto delinquente.

Como mostrou o jornalista Voney Malta, meu colega blogueiro aqui ao lado, o Instagram de Costa foi inundado por críticas e ironias sobre a posição deste cidadão de bem. Um seguidor mais comedido fez uma observação desconcertante: “Fraco!! Já quer se blindar no primeiro mandato!!”. Pois é. Deve ter seus motivos – muito sérios – para tal escolha.