Do nada, o pernambucano Antônio Eduardo Gonçalves de Rueda chegou ao topo da política brasileira. Até um dia desses, era um playboy riquinho e cafona que adorava viagens a Grécia e a outros destinos para, digamos assim, experiências espirituais. É um padrão de vida com adeptos espalhados pelo mundo. A rotina do rapaz que nasceu no Recife 50 anos atrás ganhou nova dimensão quando ele virou presidente nacional do União Brasil. Ficaram para trás o Marco Zero e as pontes do Capibaribe.
Ele deu uma rasteira na velha guarda que mandava na legenda e tomou conta da bagaça. O União é resultado do casamento entre PSL e Democratas, sacramentado em 2021. Em parte, é um reduto cheio de bolsonaristas e celerados de extrema direita. Exemplo disso é o nosso deputado federal Alfredo Gaspar. Até aí, tudo bem, nada de errado.
Agora a história de Tony Rueda, como ele é conhecido nas baladas, dá uma virada radical e de outra natureza. O presidente do União Brasil está no radar da Polícia Federal após a deflagração da Operação Carbono Oculto. Como noticiado, a investigação desmontou um megaesquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
Segundo a PF, a novidade dessa quadrilha é a parceria entre a cúpula do PCC e o topo do mercado financeiro do país, sintetizado numa região de São Paulo, a tal Faria Lima. Rueda é acusado de ser dono de aeronaves usadas pelos chefões do PCC. Ele seria um sócio oculto de uma empresa de táxi aéreo. Um piloto contou tudo à PF.
O denunciante é Mauro Caputti Mattosinho, o mesmo que, semanas atrás, disse ao ICL Notícias que o senador Ciro Nogueira, do PP, recebeu propina dessa organização criminosa. Na ocasião, o piloto preferiu não se identificar. Escrevi sobre o caso. Agora ele aparece com nome completo e diante das câmeras. A parada ficou mais grave.
A entrevista do piloto é destaque no UOL, que participa da reportagem com o ICL. O portal Metrópoles também avançou com um material na mesma linha. O caso ganha repercussão na imprensa em geral, e faz sentido. Não se trata mais de uma fonte anônima. O denunciante mostra a cara e relata detalhes que dão consistência ao enredo.
A legenda de Tony Rueda, como vocês sabem, formou com o PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira a federação União Progressista. O nome é uma tirada de humor involuntário. Mas a fraude epistemológica não configura crime no Código Penal. Já uma parceria com a turma do PCC, aí sim, cria aborrecimentos para esses patriotas a serviço do Brasil.