Josenilda é uma mulher preta periférica e mãe solo, residente no bairro do Vergel do Lago, em Maceió-AL.
Pesquisas afirmam que mães solo negras são maioria e que enfrentam restrições severas no direito à moradia digna, à educação e a saneamento e até ‘roubadas’ do direito à existência e tudo isso é produto do racismo institucionalizado
Com a emoção embargada, voz descamada por uma onda de exaustão secular da indiferenciação social, em relação à exclusão naturalizada da mulher negra, a moça fez desabafo em tom cru, molhado por lágrimas.
Junto com mais 153 famílias, a preta foi ‘sorteada’ para ter seu canto, a casa, moradia, o abrigo , tão aguardado.
Recebeu a chave do apartamento no Parque da Lagoa, na orla lagunar, da capital.
O direito à moradia é fundamental, essencial e precisa ser enfrentado com políticas públicas, eficazes e eficientes, que reparem e transformem realidades pendentes.
O racismo brutaliza vidas, torna realidades ásperas.
Mulheres negras são as primeiras vítimas das violações dos direitos humanos .
Josenilda em seu discurso desabafo , sem mencionar o termo ‘racismo’, reafirmou sua ancestralidade, desnuda de direitos.
Desesperação e conquistas.
Josenilda ganhou um apartamento para chamar de lar e essa moça simples, carregando n’alma, o folego da emoção, historias, memorias e a intensidade que cria o sentimento de pertença e a faz entusiasta da ancestralidade onde se define: “Eu conquistei meu canto sendo uma mulher preta, pobre sozinha no mundo. Essa conquista não é só minha. É da minha mãe, dos meus filhos, dos meus netos.”
O desabafo da Josenilda é uma espécie de Manifesto Antirracista Contemporâneo de uma mulher negra periférica da capital Maceió, mas vocês ainda não estão preparados para isso.
Precisamos falar sobre racismo estrutural, João Henrique.
Máximo respeito, Josenilda.
Ubuntu!
Parabéns!
