Quinta-feira, 11 de setembro de 2025. Em algumas horas, Jair Bolsonaro estará condenado pela tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Como previsto, por volta de duas e meia da tarde a ministra Carmen Lúcia começou a leitura de seu voto. Antes de entrar no mérito da ação penal, ela fez considerações sobre as circunstâncias do processo e o atual panorama da vida brasileira. Deixou clara a gravidade dos fatos julgados e exaltou o período democrático que vivemos desde o fim da ditadura militar.  

Segundo a ministra, essa redemocratização passou a ser ameaçada de modo inédito a partir de 2021. Falou do “vírus do autoritarismo” e da obrigação moral de todos na defesa do Estado de Direito. Ficou claro na largada, que ela vai na contramão de Luiz Fux, que passou pano para os atos estarrecedores da quadrilha chefiada por Bolsonaro. Flávio Dino pediu um aparte – e saiu também na defesa da punição para os que tentam usurpar o poder pela força. Não se pode vacilar com marginais candidatos a tiranetes. 

Por tudo o que se sabe, por tudo o que está nos autos do processo, a expectativa sobre o voto de Carmen Lúcia aponta para a condenação dos réus. Ao contrário de Fux, ela certamente não vai punir subordinados e inocentar o líder da bandalheira. Como já escrevi, e como sabem até as pedras, há na ação excesso de provas.

Nas últimas horas, o bolsonarismo e a extrema direita alimentam as mais tresloucadas ideias sobre perdão, anistia, anulação do julgamento e outros delírios. Tudo, é claro, depois que o valente Fux absolveu o golpista Bolsonaro com um dos votos mais vergonhosos da história do Supremo Tribunal Federal. Todo esse frenesi não vai se materializar em impunidade para os delinquentes denunciados. Essa maré começa a baixar a partir de hoje. Os devaneios derivados do direito fuxiano não vão predominar.

Após Carmen Lúcia, será a vez do ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, apresentar seu voto. Pelo que ele afirmou na abertura da sessão, a fatura será liquidada ainda nesta quinta-feira. É possível que, logo em seguida, comece a discussão sobre a chamada dosimetria, ou seja, o tamanho das penas de cada réu.

Ao fim da sessão, volto para novos chutes e palpites sobre isso daí.