O deputado federal Alfredo Gaspar não tem tido muita sorte na função de relator da CPMI do INSS. Pelo menos até hoje, o que mais conseguiu foi gerar memes muito ruins para ele mesmo. Nas sessões realizadas até agora, o parlamentar partiu pra cima dos depoentes, mas acabou se complicando. Foi assim com uma diretora da Controladoria-Geral da União, com uma defensora pública e com o ex-ministro Carlos Lupi.

Em mais de uma ocasião, o relator recorreu a uma carcomida tática de fazer perguntas que, na verdade, eram pegadinhas. Mais ou menos assim: o senhor (ou a senhora) conhece Fulano de Tal? Fica claro que ele tem informações que não revela de primeira, esperando que o depoente diga uma coisa, caia em contradição e seja desmoralizado.

Com Carlos Lupi foi exatamente isso. Num dos momentos de maior barulho na sessão, Gaspar perguntou ao ex-ministro da Previdência Social se o depoente havia indicado um certo diretor do INSS. Enquanto Lupi consultava uma papelada, Gaspar fazia cara de paisagem, com risinho irônico. Parecia que o deputado estava pronto para a tacada fatal.

Resposta de Lupi, com documento oficial em mãos: o referido diretor fora nomeado no governo Bolsonaro, ficou três anos e meio no cargo durante a gestão anterior e – repara só! – foi demitido no terceiro mês do governo Lula. Ou seja, o relator mirou em Luiz Inácio da Silva, mas acertou em cheio na testa de Jair Messias. O plenário caiu na gargalhada.

Outra marca do deputado alagoano é a postura autoritária. Já tratei desse aspecto em texto anterior. Acostumado a dar ordens como chefe do Ministério Público e como secretário de Segurança, Gaspar não aceita ser contestado. Ao ser confrontado por alguma lambança, vemos o homem à beira de um chilique. Lembram do Calma, Betty?

O relator se irrita com os depoentes, com os colegas na mesa e com os nomes do governo no plenário. Bastou, por exemplo, o deputado Rogério Correia, do PT, fazer menção a ele (“o relator está sorrindo...”), para uma reação raivosa. “Me respeite!”, gritou com aquela brabeza dos cidadãos de bem. O tom é belicoso na maior parte do tempo.

Diante de Carlos Lupi, Gaspar esqueceu com quem estava tratando. Veterano no jogo da política, macaco velho nesses embates, o ex-ministro da Previdência expôs, sem perder a calma, a mediocridade de vários de seus inquisidores. Entre estes, além do relator, está o insignificante Fábio Costa, outro que confunde parlamento com porões de delegacia.

Claro que esse desempenho não deve causar surpresa nenhuma. Não se pode esperar requinte do meio do lixo. Esse é o nível dos deputados e senadores da oposição na Comissão de Inquérito. Mais uma CPI sequestrada pela politicagem.