Nas últimas horas, o país descobriu o poder de Silas Malafaia sobre a família Bolsonaro. Por alguma razão a ser devidamente esclarecida, o pastor picareta manda e desmanda no clã dos patriotas de mostruário. É um espanto a desenvoltura do “religioso” ao tratar diretamente com qualquer um dos integrantes da gang. Sempre aos berros, Malafaia sai dando ordens ao ex-presidente e a seus herdeiros. Qual é a explicação para isso?
Antes de levantar hipóteses para essa pergunta, vamos ver uma pequena mostra de como Malafaia trata a trupe de Jair Messias. Ele diz ao próprio Jair, por exemplo, que deu “um esporro” em Eduardo por ele criticar o governador Tarcísio de Freitas. Bolsonaro ouve calado. Na mesma mensagem, ele informa que dará “um cacete” em Eduardo.
Em diálogo de mesmo nível, Malafaia eleva o tom sobre o deputado que se mandou para os Estados Unidos. Diz que o rapaz é um “filho babaca que vive falando merda”. E emenda com outro recado cheio de civilidade e respeito à família: “Esse arrombado! Mandei um áudio pra ele de arrombar. Na próxima gravo um vídeo e te arrebento”.
Em várias conversas com Bolsonaro, Malafaia orienta, corrige e, claro, dá esporro no seu interlocutor. O valentão ouve tudo em silêncio, como se fosse um serviçal desse homem de Deus. Jair dá entrevista, o pastor não gosta e liga para repreender o elemento. “Aí não. Você errou e errou feio”, afirma ele para o ex-presidente. Como assim?
Pois é. O que Malafaia tem? O que ele fez para que Bolsonaro se mostre um cachorrinho obediente ao ouvir impropérios contra os próprios filhos? Mais louco ainda é o vídeo que Eduardo gravou em defesa do “líder evangélico” – mesmo após as mensagens nas quais é esculachado pelo “aliado”. “Tamo junto”, rasteja o deputado alvo de ofensas.
Isso não é nada normal, ao contrário do que disse o Zero Três. Malafaia não tem esse poder por acaso. Se os Bolsonaro temem esse servo do Senhor, alguma coisa muito forte une os dois lados. O financiamento do golpe e de outras demandas da família dá uma robusta pista sobre os termos dessa relação. Aposto que vem mais por aí.
A outra explicação para a subserviência de Jair ao dublê de pastor é, digamos assim, de ordem subjetiva. Vai ver os Bolsonaro têm em Malafaia um coach espiritual, um conselheiro sobre a fé cristã e os valores da família. E há uma última hipótese: Silas é autor intelectual da bandidagem ora sob os holofotes do Brasil. Tem de investigar tudo.