Acaba de ser formalizada a maior facção partidária da política brasileira. Trata-se da federação entre PP e União Brasil. O PP é a legenda do senador Ciro Nogueira e do deputado Arthur Lira. O União é presidido por Antonio Rueda, que nunca exerceu mandato eletivo, mas é um craque em negociatas. Ele assumiu o comando do partido depois de uma guerra contra o então presidente, deputado Luciano Bivar.

Rueda era pupilo de Bivar. Um conhece bem os métodos do outro. A polícia e a Justiça também conhecem a dupla de perto. Os dois começaram a se estranhar no ano passado. Veterano, Bivar tomou uma rasteira de sua criatura e hoje parece escanteado em definitivo. O racha teve ainda imóveis pegando fogo no litoral pernambucano.

Foi no primeiro semestre do ano passado. Um incêndio misterioso destruiu duas propriedades de Rueda. Ele acusa diretamente o ex-aliado. Cerca de um ano depois, o caso não foi esclarecido pelas investigações. A dupla tem no currículo episódios de violência e até suspeita de assassinato. O União Brasil tem origem de peso.

No começo deste mês de agosto, Rueda fez 50 anos de idade. Pense numa festinha modesta. Este gigante da moralidade pública levou convidados para a ilha de Mykonos, na Grécia. Ciro Nogueira estava lá. A coisa era tão extravagante que alguns nomes já confirmados no convescote desistiram em cima da hora. Celular foi proibido.

Na festa de Rueda estavam empresários com interesses diretos em projetos que tramitam no Congresso. As turmas das bets e do jogo do tigrinho naturalmente receberam tratamento vip. Houve alguma zoada sobre os recursos que bancaram o aniversário de Rueda. Mas não haverá investigação para esclarecer a controvérsia.

Claro, nada disso representa algum problema sério para o avanço da facção PP-União Brasil. Encrenca mesmo será o rumo a seguir por esse balaio sortido de peças cheias de, vamos dizer, exotismos no trato da coisa pública. No discurso, Lira, Rueda, Ciro Nogueira e outros de mesmo patamar querem “superar a polarização” e “salvar” o Brasil.

Repare a bagaceira. No ato formal para criar a federação, estavam Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos, e Ciro Gomes, ele mesmo, o ensandecido que tenta “se reinventar” pelas mãos do bolsonarismo e da extrema direita. Vários governadores também apareceram para tirar uma casquinha no bombardeio contra o governo Lula.

Detalhe: essa federação que ataca o presidente ocupa quatro ministérios. É a oposição perfeita. Detona a vaca e mama nas tetas. No meio disso tudo, a presença ilustre do alagoano Alfredo Mendonça. Nosso deputado terá de seguir as ordens dos donos da facção. A ver como ficam os satélites estaduais. Mas isso já é tema para outra conversa.