O calendário vai aproximando Jair Bolsonaro de sua hora da verdade. O chefe da quadrilha que tentou um golpe de Estado deve ser condenado até o fim de setembro. Nesta quarta-feira 13, a defesa do ex-presidente apresentou as chamadas alegações finais. A partir de agora, cabe ao ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, marcar o começo do julgamento. Ao Messias, é esperar por um milagre.

Como o ordenamento jurídico não reconhece a ação de advogados milagreiros, o denunciado caminha para uma sentença acima de 30 anos de cadeia. É a previsão que se faz a partir da lista de crimes cometidos com a intenção de tomar o poder à força. A defesa mira o tenente-coronel Mauro Cid, o réu que é delator. É uma aposta frágil.

O conjunto da obra vai muito além da delação de Mauro Cid. A antologia de atos na direção de uma “virada de mesa” – antes e depois das eleições de 2022 – não deixa dúvida. O elemento perdeu a disputa nas urnas e decidiu que não aceitaria o resultado. Para isso, resolveu convocar as Forças Armadas para se manter presidente sem voto.

Falei de condenação em setembro. Nos últimos dias, a imprensa nacional começou com um papo sobre um pedido de vistas que seria feito pelo ministro Luiz Fux. O cabeleira, de fato, deu piscadelas para a turminha do golpe. Se ele apelar a tal chicana, pode adiar a sentença para dezembro. Por lei, ao pedir vistas, tem de dar o voto em até 90 dias.

Mesmo que cometa o desatino de adiar o desfecho do caso, Fux não tem como ir além disso. Restará a ele, se assim decidir, o voto solitário em favor do marginal. Lembrando que são cinco ministros na Turma que vai decidir a parada. Teríamos um placar de 4 a 1. Algo a mais em favor do réu pode ser uma “redução de danos” – uma pena menor.

Outro caminho que poderia aliviar para os bandidos do golpe seria a interferência externa. E essa tentativa está em pleno curso, com a ação de Eduardo Bolsonaro, o vassalo que presta serviço a um governo estrangeiro. O tarifaço de Trump e as sanções aos ministros do STF vieram com esse objetivo. É um transtorno, mas não muda nada.

O presidente americano foi claro: parem com esse processo contra Bolsonaro “imediatamente”. Trump falou grosso e tomou medidas concretas contra o Brasil – medidas aplaudidas pelas porcarias da extrema direita. Depois disso, vem mais o quê? Anular o processo do dia pra noite?! É um delírio típico de quem vive em mundo paralelo.

A ultradireita fez de tudo para melar o julgamento. Não deu certo. Como a chantagem do tarifaço falhou nesse sentido, a última via de ataque seria uma intervenção direta, com tanques, aviões e bombardeios sobre o STF. Os mais celerados seguidores da seita juram que isso é possível. Jesus de Belém! Para Bolsonaro, a cadeia está a cada dia mais perto.