Ainda não se sabe o que vai acontecer com os deputados que vandalizaram a Câmara Federal na semana passada. Os arruaceiros da extrema direita tomaram de assalto a Mesa Diretora e impediram os trabalhos por mais de 30 horas. Tudo isso porque se revoltaram com a prisão domiciliar do golpista Bolsonaro. Na base da força bruta, essas porcarias querem aprovar anistia geral para todos que tentaram um golpe de Estado.
Depois da confusão, 14 parlamentares que participaram da baderna serão “julgados” no Conselho de Ética da Câmara. O presidente Hugo Motta teria tentado uma punição imediata, com a suspensão sumária dos mandatos por seis meses. Mas foi voto vencido na turma que integra com ele a Mesa da Casa. Uma péssima sinalização.
Na lista dos marginais que tratam o parlamento como o quintal de suas propriedades estão Sóstenes Cavalcante (PL), Marcel Van Hattem (Novo), Zé Trovão (PL), Julia Zanatta (PL), Nikolas Ferreira (PL) e Marco Feliciano (PL). Vou parar a lista por aqui para não empestar o texto com o chorume dessa gente desqualificada. É sujeira demais.
Junto aos demais nomes, os citados formam a tropa de choque nos ataques sistemáticos à democracia brasileira. Eles decidiram chantagear meio mundo, até que consigam o que querem. É o jogo típico de quem está acostumado a trocar o debate pela violência. Se essa turma ficar impune, é melhor a Câmara fechar as portas.
Nesta terça-feira, outro sinal desanimador: o prazo para defesa prévia dos bandoleiros pulou de 5 para 50 dias úteis. É uma tentativa óbvia de postergar o que deveria ser feito em prazo razoável. O próximo passo será inventar algo para enterrar de vez os processos no Conselho de Ética. O problema aí é a desmoralização do deputado Hugo Motta.
O presidente da Câmara sabe que a leniência com esses perturbados da direita histérica será um tiro mortal contra ele mesmo. Como a imprensa noticiou, foi o alagoano Arthur Lira quem negociou a desocupação da Mesa. Ou seja, Motta viu seu antecessor na presidência atuar como se presidente ainda fosse. Um desgaste para o paraibano.
Vamos ver como se movimenta Hugo Motta nos próximos dias. Ou mostra firmeza diante das aberrações, sem concessão a golpistas, ou será visto como um fracote. O risco de se tornar um comandante que não comanda está no horizonte. Que o parlamento brasileiro não se renda a esse bando de arrivistas. A punição aos criminosos tem de ser exemplar.