Hoje é dia nacional dos Direitos Humanos, em homenagem a Margarida Maria Alves, uma defensora dos Direitos Humanos assassinada em 1983 , e daí veio a mente desta ativista uma lembrança desconexa sobre um diálogo esdrúxulo travado , com uma parlamentar novata, das Alagoas de Palmares , que se disse impossibilitada de discutir temas, segundo ela identitários, por ser neoliberal.
Foi assim…
Um dia, faz alguns pares de ano, a parlamentar assumiu o mandato e essa ativista pensou: como a moça é iniciante, nos espaços de poder, talvez, como ativista negra, possamos influenciá-la, ao trato do combate ao racismo, como uma plataforma de discussão política, sustentável.
E lá fui eu toda serelepe ( porque sou dessas) cheia de argumentos e brilho no olho.
Ocupação de espaço, né?
A parlamentar me recebeu em uma sala ‘chiquíssim’, que tinha uma mesa enorme, bem bonita, ofereceu água, café, biscoitinhos e etc.
Recusei os mimos porque queria ir direto ao ponto , daí pus a proposta à mesa falando do histórico negro do estado e a necessidade de parlamentares aliad@s na luta.
A moça autoridade ouvia, a narrativa um tanto assim, distante, após respondeu, com toda franqueza do mundo, que a politica que iria exercer tinha o cunho do neoliberalismo, e essas causas ‘identitárias” não cabiam e tinham que ser assumidas pelos próprios protagonistas ( não estava de toda errada)
E citou exemplos: Você devia se candidata para defender os negros? Indígenas defendem indígenas. Gay defende gay e assim sucessivamente. Infelizmente, não trato dessas pautas- afirmou, encerrando o assunto.
Sai do gabinete da moça um tanto perplexa pela retórica exclusivista e segregadora , ao mesmo tempo ‘honesta’ e entendi que essa era uma percepção própria, irreversível, daí passei a economizar palavras, evitei outros diálogos.
Agora, anos depois, quando vejo a moça , toda trabalhada em frases feitas, que a galera adora, surfando em ondas da pauta dos ‘direitos humanos’, esta ativista desencanta com a hipocrisia hipócrita dessa gente, que faz politica atrás de likes nas redes sociais.
Defensora dos Direitos Humanos!
Ah, tá!
Salve, Margarida Maria Alves!
Do baú de memórias das lutas desta ativista.
