A agitação desta terça-feira, 5 de agosto de 2025, começou nas primeiras horas e não parou mais. Deputados do PL e a extrema direita em geral querem pautar o projeto de anistia para os golpistas de 8 de janeiro – e para Jair Bolsonaro. A prisão domiciliar do ex-presidente envenena a retomada dos trabalhos no Congresso Nacional. No meio da confusão, a autoridade de Hugo Motta, o presidente da Câmara, foi posta em xeque. 

Além da anistia, a outra ofensiva da ultradireita é pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ele é a personificação de uma “ditadura de toga”. Até agora, com voltas e reviravoltas nos ventos políticos, as duas ideias nunca entraram na órbita das coisas existentes na realidade. Pelo contrário. Nunca estiveram tão em baixa.

A decisão de Moraes, de fato, dá uma contribuição e tanto para a revitalização do discurso dos apoiadores de golpistas. No plenário da Câmara, a oposição garante que não haverá sessão, até que o projeto da anistia seja levado a voto no plenário da Casa. A turma aposta que terá êxito, com maioria pela aprovação. E o panorama é esse mesmo.

A ordem de prisão domiciliar, ao que parece, dividiu o mundo jurídico – sem falar na bagaceira da esfera política. O ministro teria agido com base em “firula técnica”, no que seria um exagero descabido. Além disso, ele deveria ter levado em conta o aspecto político, com potencial para elevar a tensão entre os poderes da República.

São pontos de vista inconciliáveis. A Folha garante em editorial que o ministro errou. Segundo o jornal, não podemos virar tiranos para combater tiranias. Bolsonaro tem direito à liberdade de expressão, e isso não deveria ser limado por decisão de um juiz. Mas dizer que Moraes atuou de modo ilegal é apenas um jeito de interpretar os fatos.

A ver se o fôlego da oposição se mantém firme com o passar dos dias e das semanas. Por hoje, a ribalta foi dos que querem levar no grito. Como o toque farsesco não falha, lá estão eles na Mesa da Câmara, amordaçados pelo Xandão, o demônio contra as liberdades! Para seguir no embalo, é preciso ter novidade para rodar a narrativa

Alguns dos colegas de Moares no STF estariam descontentes com sua decisão. Consideram que ele passou do ponto. Por isso, está na velha imprensa, o tribunal volta a ser triturado pelo “ativismo”. A defesa pede que o ministro reconsidere. Se o que está feito está feito, é preciso conter danos e pavimentar uma saída para superar o drama.