Iza, querida. Tudo bem?
Tu não me conheces e nem precisa conhecer, para que possamos travar uma conversa assertiva.
Desde que ouvi a letra da música ‘Fé’, esta ativista alagoana, das terras negras de Aqualtune incorporou o poder amplificador da letra, feito bofetão na cara, sem luva de pelica.
Eureka!- exclamei
‘Fé’ é um legado musical que conversa de forma bem franca com universos díspares, ao mesmo tempo, que expurga as zonas de conforto e vira potente protesto social.
Mas, deixa te contar uma coisinha , Iza, de uns tempos para cá tenho sido assaltada por um pensamento intrusivo, de gênero, que é bem assim : ‘as put1as, com toda conotação pejorativa são, muitas vezes, mulheres que são levadas a ir pro mundo atrás do ganha pão para sustentar a filharada.’
Tantas mães solo!
Claro que tem exceções.
E não deve ser fácil, esse cotidiano de muitos e tantos, porque na maioria das vezes, a pobreza , asfixia caminhos para mulheres, pobres, pretas, periféricas, e as muitas, emocionalmente, abandonadas socialmente , como as put1as.
Sabe, Iza fiquei pensando que essas mulheres, normalmente, não tem culpa dos rebentos , criados com tanto sacrifício d’alma e corpo, se tornarem sujeitos intransigentes,, canalhas, sem caráter, fascistas, racistas, etc e tal.
Precisamos repensar, socialmente, esse lugar de culpa eterna das mulheres,quando as criaturas paridas, se tornam disformes de caráter, em um mundo de escrotices.
Afinal tem espermatozóide, nessa conjuntura, não, é?
Pois, é Iza, acho a letra de Fé show, mas, ao ouvi-la, atentamente, senti um certo incômodo de gênero e a reflexão chegou na forma dos pensamentos intrusivos.
É só isso!
Abraços, preta!