Eduardo Bolsonaro. Carla Zambelli. Marcos do Val. Eles estão um tanto fora do eixo. Cada qual no seu tempo, e com seu estilo peculiar, essas figuras da vida brasileira exibem sinais de que não estão bem do juízo. É a própria turma da direita que espalha essas notícias. Não começou agora. Do Val apronta desde os tempos da Swat. A performance de pistoleira pelas ruas de São Paulo eternizou a deputada Zambelli.
Aquelas cenas de fiéis ajoelhados, a reza para pneus, as sessões de descarrego em praças e avenidas, gente aos prantos e aos berros, todos sob o manto da bandeira nacional – é uma antologia de mentes explosivas. São exemplos de uma espécie de devoção caricata a mais um populista de ultradireita. Palanque e plateia combinaram.
“A Zambelli foi tragada pela sedução do poder, perdeu a noção e acabou abandonada pelo próprio Bolsonaro. Está cada vez mais atormentada”. “Bolsonaro colapsou dentro da sua própria loucura”. “Eduardo está hoje vivendo sob uma neurose e acredita em sua própria obsessão”. “Aquilo me deixava esgotado, não era um bom lugar”.
Quem falou tudo isso – e tem muito mais – foi o empresário e ex-deputado Julian Lemos, que era filiado ao PSL. Ele foi coordenador da campanha de Bolsonaro na Paraíba em 2018, mas, um dia, caiu na real. No YouTube, há várias entrevistas com o homem que conheceu de perto as presepadas do bolsonarismo e, por isso mesmo, pulou fora.
E quando aquela multidão desabou em lágrimas com o anúncio da “prisão do Alexandre de Moraes”?! Pois é. Os sinais de desarranjo mental, cognitivo, psicológico (qual o melhor termo?) são antigos. Tudo começou na campanha de 2018, embalou em 2019 e escalou nos quatro anos do mandato. Seita, fanatismo, ódio. Deu nisso.
Já anotei em texto anterior a aparência estrambótica de Eduardo, lá nos Estados Unidos. O jeito de falar denuncia a urgência de cuidados com a saúde. Esta semana, em outro vídeo descolado da realidade, o “imaturo” errou o nome da própria mulher.
A doença como metáfora é recurso controverso para investigar comportamentos sociais. Não é o caso aqui. Ocorre que as alusões a estados alterados na postura de bolsonaristas são cada vez mais frequentes na imprensa. E fica cada vez pior.
Outros tipos de perturbados por aqui convocam para mais um ato golpista em Maceió. Até onde sei, será neste domingo, no corredor Vera Arruda. Não há remédio para a obsessão desses senhores. Em alguma medida, parece, o bolsonarismo derrete miolos.