De pré-candidato a presidente da República a virtualmente foragido. Num intervalo de quatro meses, Eduardo Bolsonaro implodiu as condições para se viabilizar como alternativa ao inelegível Jair Messias. No meio político, o deputado federal era apontado como o herdeiro mais preparado na família de dona Michelle. A própria ex-primeira-dama, interessada na candidatura presidencial, sabe que o enteado ganha essa.
Na verdade, ganharia. A temporada como conspirador – um sabotador dos interesses do país – destruiu qualquer chance de Eduardo disputar o Planalto em 2026. Diante dos últimos fatos, aliás, não deve concorrer a nenhum cargo. Na prática, terá de responder por tramar ataques contra as instituições nacionais em aliança com país estrangeiro.
Ainda atordoado com a sucessão de erros após o tarifaço de Trump, o governador de São Paulo agora finge diplomacia e incentivo ao diálogo. Não terá como esconder as palavras e as imagens com as quais celebrou o ataque americano sobre a economia do próprio país. A reação pateta expõe o real tamanho do “bolsonarismo moderado”.
Como se sabe, Tarcísio é o cara do grande empresariado, das grandes corporações, do mercado, da velha imprensa. É o candidato escolhido e sacramentado pelos maiores do PIB. Falta combinar com os russos, com o povo e com a seita que segue fiel a Jair Bolsonaro. Por isso, os aspirantes à sucessão do “mito” engarrafam as vias pela direita.
O governo respira um pouco depois de ficar sob pancadaria durante meses, todos os dias. Mas o panorama está muito longe da plena tranquilidade. Os próximos lances sobre as tarifas podem aprofundar a percepção atual – ou redirecionar o vento sem rumo.
A temperatura esquenta, o palavreado apela à deselegância, sanções contra ministros do STF. Na política, de um lado dessa bagunça sairá o nome da direita para encarar Lula, candidato único no campo progressista. Resta esperar pelo “escolhido” de Bolsonaro.
Estamos no calor da hora. Além do mais, ser alvo de uma guerra tarifária por parte da maior potência do mundo não é uma estiagem ou uma enchente. É uma barra muito mais pesada. A crise mistura economia e política, com resultados imprevisíveis.