Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro aparece em vídeos com discursos raivosos, visivelmente alterado – chapado talvez seja o verbete mais preciso para o que se vê –, fazendo ameaças ao ministro Alexandre de Moraes. A licença do cargo acabou. Quando o Congresso voltar do recesso, ele começa a receber falta. Se não retornar, no limite dos prazos, vai perder o mandato. Eduardo se mostra fora de controle.
No Brasil, o pai de Eduardo também se apresenta, igualmente e cada vez mais, no mesmo grau de descontrole. Há algumas semanas, o julgamento no STF avançou várias casas – complicando a situação dos principais réus. Diante da Primeira Turma do Supremo, Bolsonaro, generais e ex-ministros sentiram a sentença mais perto.
Ao contrário do que repete desde que foi condenado pelo TSE, o inelegível não será candidato em 2026. Por uma série de fatores, essa hipótese nunca esteve no horizonte da realidade – e a rejeição à manobra não para de crescer. Os recentes fatos que sacodem o país também jogam a ideia de uma anistia geral para o reino do sobrenatural.
Nesta segunda-feira, confirmando o avanço da gritaria como estratégia, Bolsonaro armou um teatro diante de dezenas de jornalistas em Brasília. Aos berros, levantou a canela e mostrou a tornozeleira que está usando por ordem de Moraes. “Uma covardia”. “Vamos enfrentar tudo e todos”. “Humilhação suprema”. Palavras do réu.
Eduardo e o pai chamaram atenção, negativamente, dos próprios aliados após suas últimas manifestações. A aparência do deputado, assim como sua agressividade, gera especulações pelas redes sociais afora. Será que ele pode fazer algo mais grave?
Mas o que esse rapaz poderia aprontar de mais grave além do que já fez? Pois é. Ele mesmo dá margem para teorias da conspiração, delírios e até suspeitas plausíveis. A essa altura não se pode descartar quase nada, afinal estamos falando dos Bolsonaro.
Perigosos desde a origem, agora sob pressão inédita, Jair Messias e os seus ensaiam a performance dos perturbados. A violência retórica de pai e filho escala um bueiro a cada dia. É o que resta, por enquanto, nessa fase terrível para o bolsonarismo.