O senador Renan Calheiros (MDB) criticou o que chamou de "terrorismo tarifário" e “esquizofrenia tributária” por parte dos Estados Unidos contra o Brasil e defendeu a aplicação da Lei da Reciprocidade, cuja regulamentação, pelo presidente Lula, foi publicada no Diário Oficial da União dessa terça-feira (15), após o tarifaço de Donald Trump.

Calheiros declarou, em discurso no Senado, na segunda (14), que as recentes medidas adotadas pelos EUA têm relação com o debate no âmbito do Brics e “Bolsonaro foi um pretexto e está sendo usado”:

“A questão de fundo, do ponto de vista comercial, é o debate no Brics sobre uma moeda única para o comércio entre os 11 países do bloco. Os Estados Unidos temem o enfraquecimento do dólar, a perda da influência global. Mas é legítimo, é defensável, é natural que esses países do Brics busquem melhorar e azeitar as relações comerciais entre eles”.

Ele ressaltou ainda a necessidade de o Brasil buscar mercados alternativos, como Europa e os países do Brics, que reúnem 50% da população mundial, 45% do comércio e 30% do PIB global, e acrescentou que a Lei da Reciprocidade preenche um vácuo legislativo.

“É surpreendente que alguns que se proclamavam patriotas, e tenham isso até como bandeira, defendam a esquizofrenia tributária contra o Brasil, contra nossas empresas e contra nossos empregos. Trump tem um problema sério de credibilidade, com bravatas e recuos, mas essa esquizofrenia precisa ter um termo. O mundo é irrecusavelmente globalizado. Não é uma escolha, uma preferência ideológica. Há uma interdependência global. A última economia que se pretendeu autossuficiente foi a economia nazista, e deu no que deu”, concluiu.