O aumento da tarifa de exportação em 50% aos produtos do Brasil, anunciado pelo presidente americano Donald Trump, deve provocar um efeito cascata, atingindo inicialmente setores da indústria, petróleo e agronegócio até chegar aos bolsos dos brasileiros.
A análise é do advogado Thiago Rodrigues, especialista em Direito Tributário, Bancário e Agronegócio. O especialista divulgou um vídeo sobre os efeitos da medida em Alagoas, especificamente, e também conversou com o blog sobre os impactos gerais.
“Em termos práticos, o agronegócio alagoano vai ser diretamente afetado por essa medida. Em Alagoas, só no ano passado, nós exportamos 74% da nossa cana de açúcar para os Estados Unidos e outros países. Ou seja, nós temos uma relação comercial com o mercado externo bem ativa e vamos sofrer algumas alterações pela mudança na tarifa”, destacou.
Segundo ele, a agroindústria, as indústrias e os produtores rurais locais vão precisar negociar e rever seus custos, os valores que serão aplicados e, principalmente, o aumento da moeda.
“Revisões contratuais deverão ser feitas, relações trabalhistas deverão ser reanalisadas e repensadas, entre outras demandas que poderão surgir no setor do agronegócio”, prosseguiu, afirmando que agora é preciso calma para analisar como o mercado externo irá se comportar diante das drásticas mudanças nas relações comerciais entre os países.
Queda provisória seguida de aumento
Em relação aos consumidores em geral, Thiago explicou que “para o brasileiro médio o risco de sentir na pele é evidente, pois os preços dos produtos básicos estão diretamente ligados aos setores que foram atingidos pela medida, principalmente o agronegócio que exporta em grande escala café, carne bovina e suco de laranja”.
A princípio, porém, o especialista explica que existe a possibilidade de queda nos preços dos alimentos no país de forma temporária, uma vez que a produção precisará ser escoada, comercializada no próprio mercado interno, para que não se perca.
“Em sentido diverso, com o aumento da tarifa, a demanda por estes produtos brasileiros, nos EUA, consequentemente diminuirão drasticamente e a produção aqui no Brasil tende a diminuir, provocando cortes de custos e refletindo em possível aumento no desemprego”, destacou o especialista.
Thiago pontua que agora é necessário aguardar o posicionamento do Governo Federal, que já sinalizou pela aplicação da Lei da Reciprocidade aprovada recentemente, onde poderá elevar da mesma forma tarifas a produtos americanos, interromper o reconhecimento de patentes e ainda suspender cláusulas de acordos bilaterais afetando com isso, por exemplo, empresas americanas que atuam no Brasil.
“O cenário atual é de esperança nas negociações que poderão ser realizadas ou na aplicação de modificações, por parte do Governo Brasileiro, com base na Lei da Reciprocidade, a fim de evitar pânico nos setores exportadores, que já começaram a se movimentar na busca de novos parceiros estratégicos”, finalizou.
Veja vídeo:
https://www.instagram.com/reel/DL7fUM-O0X4/?igsh=dXkycGF2aTM5MWJ3