A frase do título que você leu acima é do poeta e antropólogo Antonio Risério. Numa entrevista ao portal Poder 360, que está no YouTube, ele saca a expressão ao responder sobre o desempenho de Sidônio Palmeira no ministério de Lula. Para quem não lembra, ou estava em alguma aventura no campo, Sidônio assumiu o posto para salvar a comunicação do governo e recuperar a popularidade do presidente. Parada duríssima.
Risério fala com conhecimento de causa. Ele trabalhou em sucessivas campanhas petistas, desde a eleição de Lula em 2002. O discurso do eleito, na posse de janeiro de 2003, é de Risério. Segundo sua avaliação, Sidônio e outros da mesma faixa deveriam pular fora, e entregar a missão “aos garotos”. Claro que isso é outra guerra particular.
Não se trata de etarismo. (Antes que alguém ocupe as ruas pedindo o cancelamento do autor, um alerta: Risério já está cancelado desde 2022, quando causou rebuliço ao escrever sobre “racismo reverso”. Mas esta é outra história). Voltemos ao tema original. Por que um veterano não pode tocar a publicidade de governos, partidos e candidatos?
A propaganda político-eleitoral mudou para sempre com a internet, as redes sociais e, agora, com a inteligência artificial. Parece bem óbvio, não é? E é isso mesmo. Risério diz que gente da sua geração pode atuar no planejamento e “nas linhas gerais” de um projeto. Mas a criação técnica da mensagem é coisa para a jovem guarda.
Sem radicalismos, o ponto de vista deve ser levado em consideração. Sim, há uma hora em que é preciso passar o bastão. As disputas eleitorais no Brasil mudaram de padrão em 2018, com a vitória de Bolsonaro. A partir daquele marco, a confraria dos marqueteiros do país deveria ter repensado seus paradigmas. Houve isso?
Não sei, mas acho que não. Forjado nos clichês e cacoetes “do século passado”, Sidônio não fará milagres no socorro a Lula. Seu jeitão é todo analógico – no discurso e nas iniciativas tocadas até agora. É mais ou menos o que pensa Antonio Risério.
Um sinal definitivo dos novos tempos está na praça agora mesmo. A campanha pra cima do Congresso e de Hugo Motta indica o que nos espera na eleição do ano que vem. O recurso à inteligência artificial será a maior revolução na disputa presidencial de 2026.
Com toda essa zoada provocada por #CongressoInimigodoPovo e Hugo Nem se Importa, vimos a velha imprensa meio atordoada. A Globo, como já escrevi, passou vergonha. Adiante, na boca da urna, o cenário estará ainda mais complexo.
Novos desafios exigem novos métodos e ferramentas de ação. Por aí.