O delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, fez sua última ligação telefônica minutos antes de ser executado a tiros no aeroporto internacional de Guarulhos, em 8 de novembro de 2024. A chamada partiu de um aparelho com DDD 82, registrado em Marechal Deodoro, em Alagoas.

A informação consta em relatório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que apura o assassinato. O telefone celular, de uso não habitual por Gritzbach, estava em sua mala e foi apreendido logo após o crime. A última ligação registrada foi às 15h48, 17 minutos antes da execução. Depois disso, o aparelho foi desligado.

Conexões com Marechal Deodoro

A origem da chamada despertou a atenção dos investigadores. Marechal Deodoro é o mesmo município para onde se mudou David Moreira da Silva, agente penitenciário indiciado com Gritzbach pelos homicídios de Anselmo Becheli Santa Fausta, o "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue". Os dois eram ligados ao PCC e foram mortos em dezembro de 2021, na zona leste de São Paulo.

David foi preso em 16 de fevereiro de 2023, no loteamento Porto das Pedras, em Marechal Deodoro, onde permanece em prisão domiciliar. Ele trabalhava para Pablo Henrique Borges, operador de criptomoedas também investigado pelos homicídios. Borges é primo de Noé Schaun Alves, acusado de executar os dois traficantes e morto posteriormente pelo PCC em represália.

Viagem a Alagoas e joias

Segundo o DHPP, Gritzbach foi a Alagoas para buscar joias. Ele desembarcou em Guarulhos vindo de Maceió com R$ 1 milhão em joias nas bagagens. O material teria sido entregue em um quiosque de praia na capital alagoana. Um dos telefones utilizados pelo delator também foi rastreado em Maceió no dia 4 de novembro.

A curta distância entre Maceió e Marechal Deodoro, de apenas 29 km, reforça a hipótese de conexão direta entre os envolvidos no crime e o estado de Alagoas. A última chamada recebida pelo delator partiu justamente desse telefone com DDD 82.

Investigação em andamento

Até o momento, três policiais militares estão presos sob acusação de envolvimento direto na morte de Gritzbach. O olheiro que monitorava o terminal 2 do aeroporto e repassou a localização da vítima aos atiradores está foragido. Dois supostos mandantes também são procurados e têm prisão preventiva decretada.

Segundo a investigação, um dos mandantes teria ligações com o PCC e o Comando Vermelho (CV). Gritzbach foi morto pela facção paulista sob a acusação de desviar milhões de reais de Cara Preta.

*Com Uol