A CNN Brasil acaba de demitir mais de vinte pessoas, incluindo dois jornalistas que apareciam diariamente na programação da emissora. Basília Rodrigues e Pedro Duran eram comentaristas e apresentadores. Quatro programas foram cancelados na grade da TV de jornalismo 24 horas por dia. Com apenas cinco anos no país, a marca mundialmente consagrada se complica por essas bandas. Nada que surpreenda.
O que diz a direção do canal? Estão sendo feitos ajustes necessários para uma “reestruturação”. A meta número um é a redução de custos. Salvo engano, afora os nomes que saíram para trabalhar em outras empresas, esta é a terceira onda de demissão em massa na “filial” brasileira da CNN. E as contas estão sempre no vermelho.
A crise nesse negócio de TV tem algumas décadas e alcança o mundo inteiro. Feita a ressalva, é mesmo a beira do abismo. Nos últimos anos, abalos esporádicos evoluíram para um terremoto permanente. Quando a CNN desembarcou no país, o cenário de terra devastada já era de domínio público. Não havia razão para tamanho investimento.
Quem banca todo esse prejuízo anunciado é Rubens Menin, o bilionário da MRV, do banco Inter e mais dezenas de outras frentes empresariais. Por que manter uma empreitada que, além de não dar lucro, custa uma fortuna para existir? A resposta é tão simples quanto o diagnóstico da crise: o peso da influência política não tem preço.
As grandes marcas do jornalismo, mundo afora, hoje são controladas por bilionários do mercantilismo digital. A concentração da riqueza e o poder da informação. A tempestade perfeita. Se isso está aí para quem quiser ver, o fim da TV – aberta e fechada – ainda não chegou. Estranha decadência esta que pauta a vida de um país. Prova: rede social.
Já abordei esse tema algumas vezes aqui no blog. É capaz de haver milhares de canais no YouTube dedicados a falar mal e a decretar a morte da televisão. Há pelo menos dez anos essa profecia explodiu. Mais ou menos por aí. E as reportagens e debates, em telejornais e outros tipos de programas, provocam reações diversas, de alcance nacional.
As notícias de agora sobre a CNN Brasil devem ser lidas para além dos metros quadrados de sua luxuosa sede. A situação da emissora retrata o segmento televisivo como um todo. Cada grupo reage de um jeito, de acordo com seu tamanho, resumido no binômio anunciante/audiência. É uma história ao vivo, influenciando até o nosso passado.