Quando entrar setembro, o mês da primavera brasileira, é provável que Bolsonaro esteja a caminho da cadeia. A previsão se baseia em dados objetivos da realidade. É o que indica o calendário do julgamento em curso no STF. Após os depoimentos de segunda e terça (9 e 10 de junho), as etapas mais demoradas já foram vencidas. Jair Messias integra o principal núcleo da trama golpista, formado por oito denunciados.
A contar desta quarta-feira 11 de junho, os advogados dos réus têm cinco dias úteis para pedir eventuais diligências e esclarecimentos ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal. A defesa pode solicitar acesso a documentos e pedir informações sobre provas, por exemplo. Xandão pode aceitar ou rejeitar essas solicitações.
Em seguida, começa o prazo de 15 dias para alegações finais do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Depois da manifestação da PGR, é a vez da defesa apresentar as alegações finais de cada réu, também dentro do prazo de 15 dias. A partir daí, vem o voto do relator – que não tem prazo definido para se manifestar. É condenação na certa.
Como se sabe, os réus estão sendo julgados na Primeira Turma do Supremo, formada por cinco ministros. Após o voto de Alexandre de Moraes, os outros quatro integrantes se pronunciam. Pelo ritmo adotado até agora, não se vê brecha para que os acusados consigam postergar a decisão final. Por isso, em setembro a parada deve estar liquidada.
Essa previsão, dada como certa por analistas de todos os lados – no campo jurídico e no mundo da política –, põe Bolsonaro em desânimo profundo. Porque ele jogava tudo num processo demorado que invadisse 2026, o ano mágico da eleição presidencial. Assim, supõem bolsonaristas, misturando as coisas, uma reviravolta poderia ocorrer.
Mas essa expectativa não passaria de uma hipótese na cabeça dos apoiadores de Bolsonaro. Tecnicamente, é lógico, ainda que o julgamento chegasse ao próximo ano, a disputa eleitoral não deveria interferir no rumo dos acontecimentos. Mas claro que é muito mais racional que essa coincidência seja evitada – e é isso o que teremos.
Resumindo, nada saiu como Bolsonaro imaginava. Seus adoradores, por mais barulhentos que sejam, não podem operar milagres diante da letra fria no devido processo legal. Por quanto tempo não se sabe, mas ele estará na prisão em breve.