Leo Lins, Rafinha Bastos, Danilo Gentili e outros intelectuais de mesma estatura querem salvar a liberdade de expressão no Brasil. No mesmo time estão Gregório Duvivier, Marcos Mion, Antônio Tabet e Tirullipa. Todos eles vieram a público dar chilique após decisão judicial de primeira instância que condenou Leo Lins a oito anos de prisão. Cabe recurso. É muito provável que a sentença seja reformada no andar superior do Judiciário.

O comediante foi sentenciado pela juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Ela afirma que o rapaz tem “a prática de discursos discriminatórios como meio de vida, inclusive que consistem em fonte de renda”. O que motivou a decisão foi um espetáculo lançado em 2022, com milhões de acessos no YouTube.

No show, o sujeito faz o de sempre. É um desfile de piadas idiotas que têm como alvos negros, idosos, obesos, pessoas com HIV, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e gente com deficiência. O público acha tudo muito engraçado. Eu considero apenas um conjunto de babaquices. Para quem gosta, é arte de primeira.

Direto ao ponto, como me pedem alguns leitores nos comentários no blog: discordo da decisão da magistrada. Porque o Código Penal não iguala um babaca a um criminoso. Se existe público disposto a pagar caro para ir ao teatro ver um mequetrefe falar porcarias, quem sou eu para criminalizar os dois lados? “Artista” e plateia se completam. 

Naturalmente não vou perder tempo com as opiniões de bolsonaristas que “denunciam” a “ditadura do Judiciário” – isto sim uma piada involuntária. A exploração politiqueira do caso é tão previsível quanto a delinquência dos argumentos em defesa do indefensável. Até o pensador Leonardo Dias se manifestou na Câmara de Maceió. Vadiagem dá nisso. 

Já escrevi aqui, várias vezes, sobre liberdade de expressão. Defendo o livre pensamento com a ênfase dos fundamentalistas. Já fui censurado por decisões judiciais a partir de ações movidas por figuras públicas “democráticas”. Não resistiram a um simples adjetivo e a uma inofensiva metáfora. O “crime de opinião” é uma ideia sempre perigosa.

Portanto, toda liberdade a Leo Lins, mesmo que seja para exibir ideias abjetas.