O CM Cast, podcast conhecido por suas análises de temas locais e nacionais, lançou um novo episódio nesta quinta-feira (5). Os convidados da vez são o deputado estadual Ronaldo Medeiros e a sindicalista e liderança política Dafne Orion, que disputam a presidência do PT em Alagoas. A eleição interna do partido está marcada para o dia 6 de julho.
O episódio marca o primeiro debate de campanha entre os dois candidatos ao comando da legenda no estado — um momento importante do processo interno do partido, que oferece à militância a oportunidade de conhecer melhor as propostas e visões de cada um.
No início da conversa, os jornalistas Carlos Melo, diretor do Grupo Cada Minuto, e Ricardo Mota questionaram Ronaldo e Dafne sobre o tamanho do PT atualmente em Alagoas.
Dafne destacou ainda que a baixa presença do PT nas prefeituras não é exclusividade de Alagoas, mas um reflexo mais amplo da atuação do partido no Nordeste. Como exemplo, citou que, na Paraíba, com cerca de 220 municípios, o partido governa apenas dois. Em Alagoas, dos dois municípios administrados pelo PT, apenas um tem prefeito petista.
“Aqui em Alagoas, o PT vive um verdadeiro feudo. É um grupo político que não promove debate. Perdemos em Maceió justamente por essa falta de diálogo interno. O partido simplesmente não debate aqui no estado. Então, esse vácuo político que foi deixado — e eu me incluo nisso, nós da esquerda — ocorreu porque a direção do partido, que é quem dá o rumo, falhou nesse papel”, defende Ronaldo.
Ainda durante o episódio, o jornalista Ricardo Mota questiona sobre a denúncia feita pelo advogado Welton Roberto a respeito do uso indevido de cerca de R$ 500 mil do fundo eleitoral de 2024, que teriam sido transferidos para o escritório de advocacia do filho de Ricardo Barbosa, atual presidente estadual do PT.
Dafne explicou que a decisão sobre a contratação do advogado foi tomada de forma coletiva pela direção executiva do PT, respeitando as instâncias previstas no estatuto do partido. Segundo ela, o advogado já havia prestado serviços em outras campanhas, sempre com competência, e nenhuma das candidaturas por ele representadas teve problemas com prestação de contas.
A sindicalista ressaltou que o partido foi surpreendido ao ver a denúncia na imprensa, uma vez que não há qualquer processo interno relacionado ao caso, e que, se houvesse questionamentos, o caminho adequado seria acionar a Comissão de Ética e Disciplina, o que não foi feito.
Já Ronaldo Medeiros afirmou ter estado presente na reunião em que a contratação foi aprovada e se absteve de votar porque os dados sobre a distribuição dos recursos foram enviados pelo WhatsApp apenas no momento da reunião.
Para o parlamentar, normalizar esse tipo de prática enfraquece a narrativa política do PT e contribui para sua crise interna. Medeiros destacou ainda o abandono da sede do partido em Alagoas, que já foi alvo de furtos e encontra-se em condições precárias, o que, segundo ele, simboliza o descaso com a estrutura e a identidade da legenda no estado.
Os episódios do CM Cast vão ao ar às segundas e quintas-feiras, sempre a partir do meio-dia.