Primeiro foi Jair Bolsonaro. No penúltimo dia de mandato, o valentão correu para os Estados Unidos. Depois de passar meses insuflando seus devotos a se engajar nas armações golpistas, o capitão da tortura partiu para um refúgio seguro. Além do papel vergonhoso de não dar posse ao eleito legitimamente nas urnas, a fuga era uma maneira de forjar um álibi. Não por acaso ele repete o tempo todo a ladainha: “Como é que eu daria um golpe nisso daí, se estava fora do Brasil? Não tem lógica, tá ok?”. Previsível.
Há três meses, Eduardo Bolsonaro largou o mandato de deputado federal e, assim como o pai, também escapou para os Estados Unidos. Alega ter medo de ser preso pela “ditadura do Xandão”. Em terras estrangeiras, o picareta faz campanha contra as instituições brasileiras. Exótica forma de patriotismo. Bolsonaristas querem uma intervenção americana. Para isso, convocam reforço internacional. Sem disfarce.
Agora chegou a vez da pistoleira dos Jardins paulistanos. Deputada federal pelo PL, assim como Eduardo, Carla Zambelli fugiu para a Europa. Num vídeo gravado para um site bolsonarista, ela não revela o país de destino. Com a cara de pau dos vigaristas, a senhora anuncia que vai fazer campanha contra “as mazelas” que ocorrem no Brasil.
Mesmo enxotada pelo próprio Jair, Zambelli informa que seguirá os passos de Bananinha, “denunciando os abusos do Judiciário”. Como se sabe, o ex-presidente atribui a ela a derrota na eleição, após o episódio no qual a deputada corre pelas ruas de São Paulo apontando um revólver para um homem. Ainda assim, ela bajula o “mito”.
Além dessa dupla com mandato eletivo, há uma patota de bolsonaristas vivendo fora do país. Ainda durante o mandato do Messias, eles aprontaram tanto que resolveram não arriscar. Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos são alguns dos que escapuliram. Boquirrotos, foram ser “corajosos” a centenas de milhas daqui.
Vejam que doideira. “Patriotas” em fuga rodam o mundo para sabotar o próprio país. Pense bem: você já assistiu a algo parecido? Aqueles cidadãos de bem enrolados em bandeira, cheios de amor pelo Brasil, querem uma coisa singela: que os Estados Unidos intervenham em nossas vidas, que decidam quem vai governar a nossa casa.
Essa gentalha tem um acerto de contas marcado com a Justiça. De fato, quem trama golpe de Estado e defende intervenção estrangeira no país comete crimes graves. Bolsonaro está a caminho da cadeia na companhia de seus cúmplices. Apesar de toda a presepada “multinacional”, o STF segue firme no cumprimento de seu dever.
Como o bolsonarismo é uma seita, seus mais aguerridos devotos podem seguir o exemplo de Eduardo e Zambelli. Alagoas, por exemplo, ficaria melhor com certos políticos longe daqui. Têm vereador e deputado que dariam boa contribuição ao povo alagoano sumindo da nossa paisagem. De preferência, sem retorno. Fica a dica.