Vereador acusa deputado de exploração política da chuva que provoca estragos na capital. Preocupado em defender a prefeitura, Kelmann Vieira expôs sua indignação sem apontar nomes. O alvo, no entanto, segundo informa a jornalista Vanessa Alencar aqui no CM, é o deputado federal Rafael Brito. Também na Câmara, o vereador e ex-prefeito Rui Palmeira criticou a gestão de João Henrique Caldas – e exaltou o próprio trabalho.

Fui ao site da Prefeitura de Maceió em busca de notícia sobre ações para enfrentar a situação atual. O primeiro texto que aparece, com destaque, traz este título: “JHC e Rodrigo Cunha percorrem bairros e destacam investimentos para mitigar efeitos das chuvas em Maceió”. A matéria oficial é ilustrada com a foto que reproduzo acima, de Itawi Albuquerque, da Secretaria de Comunicação do município.

Como se vê na imagem, os dois jovens, prefeito e vice, posam diante de pneus, metralha e entulhos em geral jogados ali pela população. Boa parte do drama com o temporal decorre dessa realidade. A prefeitura atua, mas o povo não tem educação. Eles não dizem isso, claro, porque seria um suicídio político. Mas a mensagem está ali. Não tenho dúvida de que a foto foi escolhida com esse objetivo. A semiótica explica.

O texto da prefeitura também é um clássico dessas situações de crise repentina. A primeira declaração do prefeito começa assim: “Quando assumi a gestão de Maceió, encontrei uma cidade sem planejamento nenhum para enfrentar o período das chuvas ou mitigar as situações emergenciais”. Antes de tudo, o lamento pela “herança maldita”.

Ou seja, o primeiro a fazer uso político da calamidade é o próprio JHC. Na sequência, ele e Cunha listam todas as maravilhas que a atual gestão fez para tornar a vida do maceioense um paraíso. Tudo previsível, nada original. É o que todos fazem. No âmbito nacional, a tragédia no Rio Grande do Sul no ano passado é ilustração perfeita.

Para quem acompanha as estripulias da vida pública há décadas, nada de novo nessa tediosa tradição. De fato, quando a crise se instala, cada lado corre para chegar primeiro à “janela de oportunidades”. A oposição denuncia as “mazelas” da gestão da cidade, e a prefeitura acusa a “demagogia” dos adversários. Daqui a pouco tá estiado.