Michele Bolsonaro quer ser candidata a presidente. Até o ano passado, seu marido demonstrava irritação com a ideia. De janeiro para cá, no entanto, Jair Messias exibe outra postura diante dessa alternativa. Nos últimos meses, em todas as ocasiões em que tratou do assunto, o ex-presidente ressalta que sua mulher aparece bem nas pesquisas – até à frente de Lula segundo alguns levantamentos. Sinal verde para dona Michele?
Pode ser. A candidatura da ex-primeira-dama conta ainda com o entusiasmo de Valdemar da Costa Neto, o presidente do PL. Em mais de uma entrevista, também ele exaltou as qualidades da senhora que fala línguas do mundo sobrenatural. Michele, Valdemar e outros veteranos da política em Brasília são velhos conhecidos. Mas esse detalhe pode ser um complicador para os planos de construção de uma candidatura.
Uma informação dos últimos dias reforça essa percepção quanto às dificuldades para uma Michele candidata. Como revelou o UOL, o tenente-coronel Mauro Cid afirma em conversas pelo WhatsApp que a esposa de Bolsonaro teria muita coisa “suja” em seu currículo. Não se sabe a que tipo de sujeira se refere o ex-ajudante de ordens do então presidente. Fato é que as revelações de agora abalaram a turma de Bolsonaro e o PL.
A consequência mais eloquente foi a demissão de Fábio Wajngarten de uma boquinha no Partido Liberal. Ele é o interlocutor de Mauro Cid no papo do Zap em que ambos são, digamos assim, pouco diplomáticos quando falam de Michele presidenciável. A coisa é grave porque, afinal, Wajngarten foi homem de confiança de Bolsonaro, um dos acólitos mais fiéis ao “mito”. Claro que a ordem de demissão partiu do maridão contrariado.
É mais que “fogo amigo”. O que a dupla insinua na conversa até então desconhecida teria potencial para implodir a aventura eleitoral da ex-primeira-dama. A novidade ocorre justamente agora, momento no qual o nome de Michele parece crescer – dentro e fora do círculo familiar. Bolsonaro sinaliza que pode embarcar nessa onda, e o dono do PL não para de listar argumentos para confirmar a aposta. Estamos diante de um fato político.
Na capa da Veja, as maquinações de Jair e Michele são detalhadas. Tirante as fofocas de Mauro Cid e Wajngarten, o maior desafio de Bolsonaro para emplacar sua senhora como candidata é a fila de pré-candidatos da direita. A começar por Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, muitos “aliados” atuam em segredo para escantear o projeto pessoal do inelegível. A confusão está apenas começando. É o caso de torcer pela briga.