A história da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) é, antes de tudo, a história de um povo. Um povo que, do agreste ao sertão, da mata ao litoral, decidiu que educação não podia ser um luxo para poucos, mas um direito de todos. Uma universidade que nasceu como semente da luta popular, germinou com o suor de estudantes e trabalhadores, e sobreviveu ao tempo regada pela esperança daqueles que, mesmo na escassez, jamais deixaram de sonhar.

Atuei como dirigente estudantil na gestão “Coração de Estudante” do DCE, em 2010-2011. Como tantos outros colegas, vivi os desafios de ser estudante trabalhador, tentando sobreviver entre ônibus lotados, refeições improvisadas e jornadas exaustivas. A nossa geração foi a que defendeu a primeira bolsa para os monitores do Pré-UNEAL, curso preparatório para o vestibular, onde lecionávamos voluntariamente por acreditar que ninguém deveria ficar para trás.

De lá para cá, a UNEAL avançou. Surgiram programas como o Bolsa Alimenta, o Conexões Acadêmicas, o Auxílio Emergencial, a Residência Estudantil, os Núcleos de Apoio ao Estudante e Psicossocial, entre outros mecanismos fundamentais de permanência. Esses programas, articulados pela PROINE, sobretudo quando tinha a frente o Professor Marcos, hoje Diretor do Campus I, expressam um esforço institucional legítimo e potente. Contudo, não podemos ignorar que ainda é insuficiente. A permanência estudantil continua frágil. A evasão, silenciosa. A fome, presente.

É hora de darmos um novo passo. A proposta de uma Renda Básica Estudantil para todos os estudantes da graduação da UNEAL não é utopia — é necessidade. Trata-se de uma ação estratégica, viável e urgente, para garantir que os filhos e filhas da classe trabalhadora concluam seus cursos com dignidade. Defender essa política é reconhecer o papel que a UNEAL desempenha no desenvolvimento regional, na formação de professores, administradores, advogados, historiadores, pedagogos e cidadãos.

O Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (FECOEP) tem demonstrado sua capacidade de financiar programas transformadores. O Cartão CRIA é um exemplo. O próprio Bolsa Alimenta na UNEAL, que já atende mais de mil estudantes, também é financiado por esse Fundo. O orçamento do FECOEP é milionário e sempre passível de novos projetos. Há, portanto, recursos disponíveis. O que precisamos agora é de vontade política.

É preciso que o governador Paulo Dantas, que tem demonstrado sensibilidade social e compromisso com a juventude, lidere essa nova conquista. Que coloque Alagoas na vanguarda do Brasil mais uma vez, como fez com o Cartão Escola 10, agora garantindo uma Renda Básica Estudantil para toda a UNEAL.

Também convocamos a sociedade alagoana a defender essa ideia. A UNEAL não é apenas uma universidade: é símbolo de esperança e de transformação. Se hoje formam-se milhares de jovens nos rincões do estado, é porque um dia ousamos lutar. E agora, precisamos ousar de novo.

Renda básica para estudar é o que dará dignidade para existir. Não há aprendizado com fome, nem futuro com evasão. Que a UNEAL siga sendo o lugar onde os sonhos do povo se transformam em realidade.

*Rafael Cardoso

Historiador, Mestre em História pela UFS, Egresso da UNEAL e ex - diretor do DCE – UNEAL (2010-2011), Gestão Coração de Estudante