A juíza federal Isabelle Cavalcanti de Oliveira Lima partiu para o ataque após ter sua indicação para o TRF-5 contestada pelo juiz Roberto Wanderley Nogueira. A magistrada de Alagoas foi a mais votada na listra tríplice para ser promovida a desembargadora do tribunal com sede no Recife. Nogueira foi ao CNJ alegando que ela é favorecida por ser filha do decano do mesmo TRF-5, desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima.

O leitor pode conferir mais detalhes no texto que escrevi sobre o caso, há quatro dias, em 27 de abril. O corregedor do Conselho Nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, deu prazo para que Isabelle Cavalcanti se manifestasse. Dez juízas disputaram um lugar na lista tríplice, que será enviada ao presidente Lula, a quem cabe a escolha definitiva.

Em sua manifestação ao CNJ, a magistrada deixa claro que é boa de briga. Sobre a ação do juiz Nogueira – que fala em “jogo de cartas marcadas” –, ela afirma: “Repetir seis vezes ou mais a mesma tese, em diferentes ocasiões, sabendo já do resultado, revela litigância de má-fé”. A juíza acusa ainda uma “visão preconceituosa e machista”.

Isabelle Cavalcanti acrescenta que Wanderley Nogueira age “por mágoa do tribunal”. Segundo ela, o colega tem “uma insatisfação pessoal por não ter sido promovido mais cedo, por critério de merecimento, mas só em data mais recente por critério de antiguidade”. E finalmente a juíza arrasta a imprensa para sua guerra particular.

É que o caso foi revelado pelo jornalista Frederico Vasconcelos, em seu blog na Folha de S. Paulo. Ao lembrar de outro episódio de promoção por merecimento, em 2022, ela diz o seguinte: “O mesmo cidadão [juiz Nogueira] valeu-se dos serviços do mesmo jornalista para manifestar publicamente uma versão enviesada do processo.” 

Tremenda bola fora, doutora. Frederico Vasconcelos tem 80 anos de idade e mais de cinco décadas de jornalismo. Autor de livros premiados, é uma referência na imprensa brasileira. Insinuar desonestidade profissional desse veterano de redações é um tiro de bazuca no pé de quem o faz. Não sei a magistrada me entende. 

Ele respondeu à juíza com a sobriedade e a elegância dos grandes: “Este jornalista não presta serviços às fontes. Em 2022, o blog reproduziu crítica do atual decano do TRF-5, Paulo Roberto de Oliveira Lima, às teses do juiz Roberto Wanderley Nogueira. No último dia 9, por intermédio da assessoria do TRF-5, o blog ofereceu espaço às três magistradas, que não se manifestaram”. Fã de Sergio Moro, Isabelle espera decisão do presidente Lula. Antes, o CNJ terá de esclarecer os fatos e encerrar o impasse.   

(Na imagem do alto, a juíza Isabelle Cavalcanti e o jornalista Frederico Vasconcelos).