A Operação Hermes deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, nesta terça-feira (21), desarticulou uma parte da estrutura do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região metropolitana de Maceió. A ação prendeu 25 pessoas até a noite de terça-feira, todas suspeitas de integrarem a organização criminosa.
Segundo informações, os investigadores descobriram o esquema a partir da interceptação de cartas enviadas por líderes do grupo presos em Alagoas e Pernambuco. As correspondências, levadas por mulheres durante visitas íntimas, traziam ordens diretas para ações criminosas, incluindo assassinatos relacionados à disputa por territórios do tráfico de drogas na Grande Maceió.
A operação, coordenada pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco), mobilizou 84 mandados judiciais expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, sendo 43 de prisão e 41 de busca e apreensão. Entre os presos, 14 eram mulheres que atuavam como intermediárias nas operações da facção.
Detalhes do esquema criminoso
As cartas interceptadas foram cruciais para a investigação, que durou seis meses. Em uma delas, um líder do grupo ordenava o assassinato de um desafeto em Rio Largo, município onde a organização buscava expandir suas ações.
“Manda um salve no "BABU" [membro do grupo com atuação em Rio Largo] e vê se pega o "BEIRA RIO". Ele tá ligado quem é.”, trecho da carta
Outras mensagens traziam orientações sobre a compra de armas, pagamento de familiares de integrantes presos e movimentação de dinheiro do tráfico.
“Através delas identificamos diversas pessoas e demonstramos [na Justiça] toda estrutura através dos líderes, que são tidos como os mais perigosos do grupo. E eles tinham vários gerentes, que realizavam toda a cadeia de tráfico de drogas, com cuidado desde a logística até os pagamentos.”, explicou o delegado Igor Diego Costa, chefe da Draco, ao portal UOL.
De acordo com as investigações, o grupo movimentava, no mínimo, R$ 150 mil mensais, podendo esse valor ser ainda maior devido a operações não identificadas.
Disputa por territórios e comunidades
A facção tinha forte atuação no bairro Bom Parto, em Maceió, e buscava expandir para Rio Largo, enfrentando resistência de grupos rivais, como o Comando Vermelho (CV). Segundo o delegado Gustavo Henrique Barros, da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, muitos homicídios registrados na região estão relacionados a essa disputa territorial. Além disso, o grupo também atuava no interior do estado com fornecimento de drogas.
“Alguns homicídios nessa área estão relacionados a essa disputa no bairro por territórios. A gente espera, com essa operação, que essas localidades tenham alguma paz com as prisões”, afirmou Barros ao portal UOL.
A operação Hermes segue em andamento, com apreensão de celulares e outros materiais que podem auxiliar na continuidade das investigações.