A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o pagamento de 4,2 bilhões de reais em emendas parlamentares, tem tudo a ver com uma reportagem da revista Piauí, publicada no dia 16 deste mês. O texto se refere de modo duríssimo ao presidente da Câmara Federal, o deputado Arthur Lira. Como escrevi no post anterior a este, a manobra para liberar as verbas virou caso de polícia. 

O ministro determina que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar uma suposta fraude com as chamadas emendas de comissões. Essa operação é o que destrincha a matéria da Piauí. O título da reportagem indica o que vai detalhado na exposição dos fatos. “O golpe final de Arthur Lira: cambalacho, sigilo e deboche”. O negócio conta com o aval de 17 líderes, do PL ao PT, sem preconceito ideológico. Como sempre ocorre.

A revista resume o ato final do alagoano no comando do parlamento com estas palavras: “A derradeira manobra do presidente da Câmara captura as emendas das comissões, privilegia Alagoas mais uma vez, descumpre a lei e zomba das decisões do STF”. Quem ainda não leu, pode conferir no site da revista, aberto para não assinantes.

Em sua decisão desta segunda, Flávio Dino não cita o deputado de Alagoas, mas ele é o sujeito oculto no coração das suspeitas. Desde as primeiras horas do dia, a imprensa nacional tenta uma palavra do presidente da Câmara. Até o começo da noite, Lira não havia se pronunciado. Espera-se uma reação forte diante da gravidade da situação.

Segundo a CNN Brasil, citando fontes de bastidores, deputados dizem que o ministro do STF preparou uma armadilha contra eles. Isso porque ele poderia ter tomado antes a decisão, mas esperou a aprovação do pacote de corte de gastos, como queria o governo.

Estamos diante de um caso de polícia que serve de combustível para incendiar a relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. O que sempre foi complicado, com idas e vindas, agora tem tudo para piorar. Lembrando: Flávio Dino está no STF por obra de Lula.