Há quase 10 anos, em uma reunião de gestores, ouvi a seguinte frase “Falo de forma complexa para que não tentem argumentar. Se não entendem, fica mais fácil aprovar o que desejo”. Esse pequeno caso ilustra que linguagem é poder.
Temas complexos e áreas de conhecimento que demandam linguagem específica demonstravam poder. Abordar a “Teoria da Relatividade” de Einstein com fórmulas matemáticas é totalmente diferente de ler o livro do cientista em que ele explica, de forma clara, a teoria que desenvolveu.
Tornar o complexo simples é um grande desafio. No início de minha trajetória profissional em uma rádio comunitária, tive um programa que “traduzia” a linguagem jurídica para a linguagem popular. Tornar compreensível o conhecimento técnico é democratizar a informação, o conhecimento e potencializar a cidadania.
Nesse contexto, a denominada “Linguagem Simples” ganha força na comunicação pública brasileira. Com origem nos Estados Unidos, onde é chamada de “Plain Language”, a Linguagem Simples é composta por conjunto de técnicas que favorecem a construção e o consumo do conteúdo produzido e transmitido.
Recentemente, o Poder Judiciário brasileiro lançou o Plano Nacional do Judiciário de Linguagem Simples. Outras áreas, como a saúde, têm desenvolvido manuais para aproximarem os órgãos públicos e as áreas de atuação de seus diversos públicos.
Conseguir maximizar o diálogo é ter sucesso. O conhecimento é aprimorado no diálogo, no contraditório e nas diferenças. Compartilhar experiências e conhecimentos é construir terreno para crescimento individual e coletivo.
Os desafios são constantes. Temas como tecnologias inteligentes, Big Data, gestão orientada por dados, entre outros, passam a fazer parte do cotidiano. Trazer, por meio da linguagem, a possibilidade de todos fazerem parte desse momento da contemporaneidade é estratégico.
Longe de a Linguagem Simples ser chula, ofender a gramática ou se confundir com outras propostas linguísticas. É, antes, um movimento comunicacional para diminuir ruído, mal-entendido e, ao mesmo tempo, democratizar informações. No campo da comunicação pública, também é estratégia para evitar a desinformação. Informar e promover a comunicação efetiva.
Melhor e mais legítimo do que conseguir objetivos pelo não entendimento é obter sucesso com o processo comunicacional legítimo, simples, claro e objetivo.