O que mais falta vir a público sobre os subterrâneos do governo Bolsonaro? A última revelação foi feita pela ex-deputada Joice Hasselmann, em entrevista ao apresentador e humorista Antônio Tabet, em programa do Uol. Segundo ela, o jornalista William Waack foi convidado para ser ministro das Relações Exteriores – e ele aceitou de pronto. O acerto foi atropelado pelos filhos de Bolsonaro, que indicaram Ernesto Araújo. 

Ainda segundo a bolsonarista arrependida, ela mesma fez o convite ao jornalista, assim como também ocorreu com Viviane Senna, irmã do piloto santificado morto há 30 anos. A moça seria levada ao Ministério da Educação – alternativa também vetada pelos herdeiros do capitão da tortura. O caso de Viviane, que apoiou abertamente a candidatura do extremista, mostra como ela se preocupa com “projetos sociais”.

Mas o que dá o que pensar mesmo é o caso Waack, um medalhão da nossa velha imprensa. Na época do convite, ele estava fora da TV, após ser demitido da Globo, depois de ser flagrado num episódio explícito de racismo. Em 2020, foi contratado pela CNN Brasil. Está lá até hoje exibindo seu reacionarismo com harmonização facial. Vejam que coisa: se dispor a serviçal de Bolsonaro, um troglodita entusiasta de milícias.

A novidade expõe de novo o cara que se pretende alguém de finos modos, poliglota, autoridade em diplomacia internacional – um campo que exige sólida cultura geral. E toda essa bagagem para representar o estadista Jair Messias, aliado de regimes sanguinários, estejam onde estiverem na geopolítica global. Procurado pelo UOL, até o momento em que escrevo, o jornalista não havia se pronunciado. Deve estar estudando.

William Waack tem 71 anos e uma longa jornada nos grandes veículos do país. Passou por JB, Jornal da Tarde, Estadão, Veja, além da Globo e Globonews. Está na mesma faixa de Augusto Nunes, Alexandre Garcia, Guzzo, Moura Brasil, Ricardo Setti e muitos mais. E ainda tem gente que reclama da falta de jornalista de direita. Tem de sobra.

O âncora da CNN costuma se referir a lideranças de esquerda como “rastaqueras”. Depois do carimbo de racista, o “diplomata” será lembrado também como um aspirante a sabujo de um tiranete. Não aconteceu porque foi chutado pela família do líder. É a viúva Porcina de Bolsonaro – a que foi sem nunca ter sido. Que destino!