Quem votou em Jair Bolsonaro na eleição de 2022, mas não perdeu a cabeça totalmente, sabe que ele está fora da disputa em 2026. Quando digo “não perdeu a cabeça” não estou elogiando ninguém. É que, suponho, nem todo voto a Bolsonaro saiu de gente igual àquele grupo que comemorou a “prisão” do ministro do STF Alexandre de Moares. Lembram? Vamos partir da premissa de que aquelas pobres almas formam uma minoria.

Afora os delirantes, portanto, a maioria dos eleitores do “mito” também sabe que terá de escolher outro nome. Essa é a questão mais instigante quando se especula sobre os possíveis candidatos para o lugar do ex-presidente. Todos os dias tem pesquisa na praça sondando a direção do bolsonarismo. A primeira constatação: a faixa pela direita, entre ditos conservadores e ultrarreacionários, está pra lá de engarrafada.   

A lista de mais citados entre os aspirantes a suceder o líder nas urnas tem quatro governadores: Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG) e Ratinho Junior (PR). Todos sonham com o apoio do capitão e, por isso mesmo, dispensam a ele tratamento de estadista! Além deles, Michele Bolsonaro é apontada nas pesquisas como um nome forte, mas enfrenta a resistência do próprio marido.

Agora que está livre para exercer o mandato na plenitude, Sergio Moro será naturalmente testado nas próximas pesquisas. No dia seguinte à decisão do TSE que o livrou da cassação, ele disse que não pretende concorrer à presidência. É uma declaração tão confiável quanto sua isenção como juiz da Lava Jato. Seu maior problema é justamente a desconfiança do eleitorado bolsonarista. Hoje o cenário não é favorável ao senador.

A última novidade nesse balaio é o nome do senador Flávio Bolsonaro. Segundo o Metrópoles, o ex-presidente não se conforma em apoiar alguém longe de seu controle absoluto. Nesse caso, o filho senador seria a opção para levar a família novamente ao comando do Planalto. A alternativa Michele é rechaçada pelo marido – por razões, pode-se dizer, de ideologia de gênero. A antropologia explica essas relações de parentesco.

Como dois anos e tanto são uma eternidade na política, tudo isso pode virar de cabeça pra baixo até 2026. Novos postulantes à direita podem bagunçar o quadro ainda mais. Os nomes citados, expostos no jogo desde agora, esperam se fortalecer. Mas estão também sujeitos a intempéries de toda sorte – o que aliás ocorre com frequência frenética na política. Seja como for, hoje é o que tem para as viúvas de Jair Bolsonaro.