Sai um alagoano e entra outro. Pelo menos é o que se especula na imprensa nacional quando o assunto é a eleição para presidente da Câmara dos Deputados. A escolha do sucessor de Arthur Lira ocorre em fevereiro de 2025, mas as articulações estão a toda velocidade. Até agora, quatro nomes aparecem em todas as apostas. Um deles é o de Isnaldo Bulhões Junior, líder do MDB na Casa, exercendo o segundo mandato.

Como o sobrenome revela, estamos diante de um representante de uma das tradicionais famílias de Alagoas, com base eleitoral na região de Santana do Ipanema. O pai fez carreira na política, a mãe foi prefeita e senadora, e o tio Geraldo Bulhões foi governador. Isnaldo se elegeu vereador por Maceió em 1996, aos 20 anos de idade. Engatou cinco mandatos na Assembleia Legislativa até chegar à Câmara Federal na eleição de 2018.

O principal inimigo do parlamentar é justamente seu conterrâneo Arthur Lira. O atual presidente trabalha pelo nome de Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia. O pastor Marcos Pereira, do Republicanos, e Antonio Brito, do PSD baiano, são os outros dois postulantes mais citados na disputa. Os quatro virtuais candidatos estão no mesmo campo ideológico, com variações – do conservador ao carola reacionário.

Mas quais são as chances de Isnaldo Bulhões? Ao que parece, ele está no páreo. Segundo a Folha, o parlamentar tem costurado apoio nos bastidores com habilidade. Aliados dizem que ele pode ser o Anti-Lira, o que já lhe garantiria na largada ao menos 150 votos. Este é o tamanho do grupo adversário do atual presidente. No meio do jogo, claro, está o presidente Lula, que se move com o devido cuidado nesse vespeiro.

A eleição de dois alagoanos em seguida para o topo de um dos poderes da República, ainda que como especulação, já reafirma uma tradição do Estado. Quando Arthur Lira foi ao programa Conversa com Bial, o jornalista e apresentador abriu a entrevista com a memória desse histórico. Pedro Bial citou Deodoro e Floriano, Teotônio, Collor e Calheiros – e concluiu: “Em Alagoas parece que político nasce da sede... de poder”.

Um pequeno canto do país conhecido por produzir lideranças que deixam marcas profundas na história brasileira – para o bem e para o mal. Por enquanto é apenas uma hipótese, mas Isnaldo Bulhões Júnior periga escrever seu nome numa lista do barulho.