Lula e Bolsonaro na eleição para prefeito

07/05/2024 13:53 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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A cada dois anos é a mesma prosa. Nas esquinas, nas bibocas e nas mesas de boteco, as opiniões se dividem sobre um dilema da política. Afinal, o que uma eleição tem a ver com outra? Num período como este, fala-se muito sobre o peso do panorama nacional nas escolhas municipais, na disputa pelas prefeituras. E especula-se sobre a influência do resultado das urnas para prefeito na eleição que virá dois anos adiante.

De forma mais direta, Lula e Bolsonaro serão decisivos para o voto do eleitor que vai eleger o prefeito de sua cidade? E o segundo ponto: os eleitos em 2024 jogam um papel relevante na disputa para presidente em 2026? Como sempre, há pensamentos prontos que não explicam quase nada – mas não devem ser descartados. O voto para as prefeituras é movido por demandas estritamente locais, reza um desses princípios.

É por isso que você já deve ter ouvido, e muito, este raciocínio: o que pesa para o eleitor, na eleição para prefeito, é o buraco na rua, a qualidade do posto de saúde, a coleta de lixo etc. Parece simplório, mas isso aí é avaliação de afamados cientistas políticos. E, convenhamos, tem uma consistência lógica evidente que dispensa maiores explicações. Caso isso predomine, este seria um voto que não decorre de critérios ideológicos.

Mas nunca houve uma eleição municipal como a deste ano na história do país. Em 2020, a tal da polarização já estava aí, é verdade, inclusive com Bolsonaro no Planalto. Agora, porém, ele e Lula jogam um papel mais intenso. Ambos mostram engajamento no Rio e em São Paulo, com apostas claras. O ex-presidente percorre o país. Lula pediu voto abertamente para Boulos em SP. Um jogo arriscado que a dupla já começou a jogar.

Em Maceió, ao favorito JHC, um bolsonarista enrustido, não interessa a nacionalização da campanha. O rapaz encena o papel de gestor com lacração em rede social. Quanto menos se falar de ideias e princípios, melhor para o dançarino de TikTok e modelito de Instagram. Seu virtual adversário de maior densidade é o deputado federal Rafael Brito, que tende a explorar o esperado apoio de Lula. A campanha por aqui ainda não embalou.

Quanto à influência das eleições de agora sobre os rumos de 2026, é cedo demais para especulações. Vamos ao menos esperar os eleitos. Ainda assim, esta relação parece algo bem mais difuso, sem precedentes que indiquem um efeito direto de uma sobre a outra disputa. O eleitorado mudou bastante, mas talvez nem tanto assim.

História. Quem se beneficiou com a nacionalização de uma campanha foi Ronaldo Lessa em 1992. Venceu a eleição para prefeito de Maceió no meio do vendaval que sacudia o país naquele ano. Lessa soube vender o peixe da renovação enquanto os protestos contra o governo Collor tomavam as ruas. Mas aquele era outro mundo.

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