Extrema direita moderada! É sério isso?

02/05/2024 00:16 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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A extrema direita saiu do armário, mas, ao que parece, ainda não completamente. Até um dia desses, com Bolsonaro no poder, os tipos mais degenerados exibiam uma truculência orgulhosa em seus modos, ideias e escolhas. Quando apontados como extremistas, reagiam com a firme disposição de confirmar o veredito sobre si mesmos. Adeptos da seita competiam pra exibir um reacionarismo mais sujo do que o do “mito”.

Nos últimos tempos, é como se os assumidos estivessem, ao menos em parte, tentando um recuo estratégico – querem ocultar uma das patas atrás da porta do velho armário. O movimento tem a ver com a situação de Bolsonaro, inelegível e a caminho do xadrez. O próprio ex-presidente deu a senha nas manifestações que convocou em São Paulo e no Rio. Acuado, pediu que ninguém levasse faixas com ataques ao STF.

Obedientes, e provando que enxergam a realidade, os fiéis foram às ruas tão comportados quanto colegiais de antigamente. Nada de exaltações à ditadura, ninguém cobrando a degola do Xandão, nenhum xingamento ao Supremo e ao sistema eleitoral. Foi-se o tempo do “acabou, porra” e do achincalhe aos poderes da República. Nem pareciam aqueles valentões que botaram pra quebrar no 8 de janeiro.

Direita moderada?! É com essa harmonização retórica, forjada a contragosto pelo rumo dos acontecimentos, que aquela turma de trogloditas pretende agora se vender. Nesse time estão alguns nomes da política alagoana, como Fabio Costa, Cabo Bebeto, Thiago Prado e Leonardo Dias. Pode acrescentar Antônio Albuquerque, Nivaldo Albuquerque, Chico Tenório e Gilberto Gonçalves, além dos dissimulados JHC e Rodrigo Cunha.

No plano federal, os bandoleiros que pregam bala nos movimentos sociais ajustam o discurso de olho em 2026. Os mais amostrados são Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado – governadores que miram o lugar de Bolsonaro como candidatos a presidente. No esforço para disfarçar a essência extremista e, ao mesmo tempo, contemplar entusiastas da tortura, exibem adereços de esquizofrenia ideológica.

Eduardo Bolsonaro, farol intelectual dos patriotas, acaba de mostrar como é a moderação da extrema direita. Vadiando pela Alemanha, exaltou uma deputada de partido nazista que é neta de um ministro de Hitler. Na legenda das fotos, a dupla produz a piada previsível: juram que defendem a democracia e o Estado de Direito. É o retrato do que temos na atual página do extremismo no Brasil. Moderados? Tá de brincadeira!

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