A histeria da macharada está em campo

15/04/2024 00:18 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Neste fim de semana, tivemos a primeira rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol 2024. Vinte clubes da primeira divisão começam a disputa pelo título mais importante do esporte nacional. Vai durar o ano inteiro. Prepare-se para um espetáculo único. A cada jogo, caneladas, pontapés, cotoveladas, rasteiras, cusparadas, expulsões, xingamentos e baixarias. De vez em quando, uma troca de passes e um gol – porque ninguém é de ferro.

Numa partida de futebol, o resultado no placar será sempre imprevisível. Nenhum esporte é tão aberto às forças do imponderável – como ensinou o gênio Nelson Rodrigues em suas crônicas imortais. Para muitos, é coisa de homem. E o retrato desse homem está à beira do gramado, na figura do treinador. Ele sintetiza as mazelas do comportamento da categoria, dentro e fora de campo. Aqui acabam todas as surpresas. Agora tudo é miseravelmente previsível.

Como você sabe, toda vez que uma mulher discute com um homem, ele tem sempre um “argumento” matador: em algum momento vai acusá-la de histeria. Na política, há registros de sobra desse acanalhado padrão de conduta. Mas a história milenar prova que Freud estava errado. O adjetivo histérico surgiu na gramática para traduzir a alma masculina – do cidadão de bem ao esquerdomacho.

Veja como se portam os técnicos durante as partidas. Grosseria, vulgaridade e agressão física se distribuem nos 90 minutos regulares e mais alguns acréscimos. De Renato Gaúcho a Abel Ferreira (foto), de Fernando Diniz a Rogério Ceni, não escapa um. Misturando épocas e gerações, Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Muricy Ramalho, Abel Braga, Dunga e Antônio Lopes honram a tradição dos brutamontes.   

Depois do apito final, o palco para chiliques é a entrevista coletiva dos “professores”. É uma das invenções mais deprimentes da humanidade. Milionários e ignorantes, as estrelas do esquema tático tentam lustrar suas ofensas com filosofices, numa combinação letal. É uma goleada de empáfia e boçalidade. Se é recomendável a reciclagem para pernas de pau, mais urgente é a contenção dos machinhos histéricos à margem das quatro linhas.

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