O comunista alagoano Aldo Rebelo e a extrema direita: deu match!

06/04/2024 01:38 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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José Aldo Rebelo Figueiredo exerceu sete mandatos consecutivos de deputado federal pelo PC do B. Era o que se chamava de comunista de carteirinha. Militante histórico da esquerda, começou na vida política no fim dos anos 1970, ainda na clandestinidade. No começo da década seguinte, foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes, seguindo o roteiro clássico daquela juventude que se queria engajada e rebelde. Em 2017, o pisciano de Viçosa olhou pela janela, pensou na vida e deu uma guinada surpreendente.

Naquele ano, Aldo Rebelo disse adeus para sempre ao PC do B. Algum tempo depois, sem resquício de qualquer constrangimento, piscou, insinuante, para o outro lado. A extrema direita entendeu, adorou a cantada e piscou de volta. Deu match! No percurso até aqui, o comunista passou por três legendas e acaba de se filiar ao MDB. Há dois meses, virou secretário do prefeito bolsonarista de São Paulo, Ricardo Nunes. 

O que mais chama atenção é o discurso raivoso contra os antigos parceiros da ala progressista. Depois de ocupar quatro ministérios nos governos Lula e Dilma, Rebelo age como se renegasse o passado por completo. Tornou-se porta-voz das teses delinquentes que fumegam no pântano do reacionarismo. Às vezes, parece estar à direita de um bolsonarista-raiz.

Para o alagoano, não houve tentativa de golpe, a crise climática é ficção, as Forças Armadas são democráticas, o agro é pop, e o único problema na Amazônia são as ONGs. Parece Ricardo Salles e Damares Alves. Ele já disse que vive trocando ideias com Bolsonaro pelo Whats App, a quem trata como amigo e interlocutor. O que é isso, companheiro?!

Nem todo mundo se mostra surpreso com a virada de casaca. “O Aldo sempre foi um quinta-coluna”, garante o jornalista Luís Nassif, atribuindo ao caráter do ex-ministro a gravíssima névoa da desonra. Reposicionado na arena política, o novo homem-paradigma da extrema direita não está nem aí com as críticas que recebe. 

Aos 68 anos, com o chapéu Panamá que adotou nos últimos tempos, nosso conterrâneo lembra dois tipos que a sociologia radiografou na formação da identidade nacional: o coronel de engenho (de antigamente) e o ruralista atual, conectado à tecnologia de ponta e ao trabalho escravo. Cada um faz o que bem quer com a própria biografia. 

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