O vereador de Maceió Leonardo Dias (foto) garantiu em entrevista aos jornalistas Ricardo Mota e Carlos Melo, no CM Cast, que nunca defendeu a instalação de uma ditadura no Brasil. Nos últimos anos, porém, ele organizou várias manifestações de rua em favor de Jair Bolsonaro – aquelas em que os fanáticos carregavam cartazes pedindo intervenção militar com o Bozo no comando.

Extremista de direita até o ultimo fio da cabeleira gomalinada, ele renega essa filiação. Natural. Todo reacionário, por mais patológico, se apresenta como um inocente “conservador” preocupado com os “valores da família tradicional”. O teatro de reverência a Deus e de amor pela pátria completa o lixo retórico.

Democrata de fachada, o vereador que diz não defender ditadura escancara na mesma entrevista sua devoção ao golpe de 1964. Ou seja, para ele, tudo bem que os militares tenham perpetrado prisões ilegais, tortura e assassinatos. Afinal, garante o senhor Léo Dias, o Brasil estava à beira do comunismo. A ladainha delinquente de ontem e de hoje.

Os argumentos rasteiros do parlamentar na defesa de ignomínias poderiam ser catalogados apenas como piadas. Infelizmente é muito pior. Eis um político, no exercício de um mandato, fanzoca de um regime que avacalhou os poderes da República, cassou direitos e rasgou a Constituição. É o Brasil dos sonhos – para Bolsonaro, Leonardo Dias e assemelhados. 

A eleição de 2022 deu um freio na escalada autoritária do golpismo. E, sim, antes e depois do 8 de janeiro do ano passado, as instituições reagiram à altura diante das ameaças ao regime democrático. Mas a vigilância não pode vacilar. Os “patriotas” não devem ser subestimados. O obscurantismo nas ideias e a selvageria nas ações regam a canalha como nunca se viu na história brasileira. 

(NOTA – Minha solidariedade a Ricardo Mota e Carlos Melo. Os caras têm estômago de aço. Resistir com sobriedade – por 40 minutos – aos desvarios de uma cabeça oca, convenhamos, não é para os fracos).