O governo Paulo Dantas usa a paridade de gênero como instrumento de propaganda para, objetivamente, formar a imagem de um governo progressista, mais identificado com o presidente Lula.
Os números depõem favoravelmente ao governador.
Mesmo já tendo perdido na sua equipe a jornalista Luiza Barreiro, ex-secretária do Gabinete Civil (pasta que foi esvaziada e “ocupada” por Vitor Pereira), as mulheres continuam sendo maioria no primeiro escalão dantiano.
A questão é: ter mais mulheres na equipe significa, na prática, ter mais mulheres empoderadas no governo do Estado?
Informalmente, eu perguntei a quatro pessoas, que considero bem informadas sobre as questões políticas locais, o nome de quatro mulheres que comandam secretarias no governo Dantas.
Por que quatro?
Porque foi o número de nomes que eu me lembrei sem precisar de consulta.
No caso dessas pessoas, elas não souberam dizer o mesmo número de titulares das pastas estaduais.
Eu sei que a amostra é pequena, mas também é bastante significativa, porque envolve político profissional, magistrado, advogado e médico.
Renata dos Santos e Paula Dantas, esta última pelo grau de parentesco com o governador, foram as mais lembradas. Há também o caso de Samya Suruagy, procurador-geral do Estado, e Kátia Born, que já tem uma longa trajetória na seara política.
E só.
Não é um julgamento de competência, até porque não há secretária – ou secretário – importante numa secretaria tratada como desimportante (o que vale também para os homens, e estes são vários). A clandestinidade da pasta não pode e não deve ser transferida para quem a comanda.
Por exemplo: Carla Dantas, prima de Paulo Dantas, entrou e saiu da Agricultura sem poder mostrar do que é realmente capaz, profissional e politicamente, numa pasta sem recursos e sem estrutura.
(Vejam que já citei três parentes do governador.)
Para ajudar o leitor e a leitora, no caso de lapsos de memória, apresento-lhes algumas das integrantes do primeiro escalão de Paulo Dantas:
Adriana Araújo – controladora-geral do Estado;
Mellina Freitas – secretária de Cultura há vários governos;
Roseane Ferreira Vasconcelos – secretária de Educação (pela segunda vez);
Lollyana Gomes de Oliveira Castela – secretária de Esporte e Lazer
Aline Rodrigues – ex-secretária da Cidadania e Pessoa com Deficiência, que vai para a Agricultura;
Arabella Mendonça – Cidadania e Pessoa com Deficiência;
Caroline Leite – que assume a Secretaria de Primeira Infância;
Maria José da Silva – secretária da Mulher e dos Direitos Humanos;
Bárbara Faustino Braga – secretária de Turismo;
Poliana Santana – secretária de Governança Corporativa;
Caroline Balbino – secretária de Relações Federativas e Internacionais
Se Dantas aposta e acredita, de fato, na igualdade de gênero – e não só nas mulheres da sua família –, devia oferecer as que compõem a sua equipe a estrutura, o estilo e a visibilidade de todos e todas precisam para que sejam reconhecidas.
Isso acontecendo, ele estará contribuindo verdadeiramente de maneira importante, e não apenas retórica, em um debate que cobra ações concretas e que não gerem apenas propaganda e/ou melhorem a imagem do governante.