Por mais que haja um discurso de “independência” do Congresso Nacional, está posto: deputados e senadores do Centrão e do Direitão estão de olho mesmo é nas emendas parlamentares e sua liberação.

A questão central: é absolutamente legítimo e desejável que haja oposição e que ela se manifeste de forma incisa no parlamento – isso faz parte da democracia.

O que acontece hoje, porém, vai além da independência dos poderes. A parte mais fisiológica e gulosa do Congresso quer assumir o controle do governo, fragilizando-o cada vez mais.

Ou Lula reage agora, abre os braços e brada “não passarão” ou será engolido, com seu governo, pelo monstro devorador das emendas.

Não se trata do “nós contra eles”, mas vai ficando evidente que a proteção aos privilegiados ganhadores de dinheiro com dinheiro vai dilacerando qualquer projeto de redução da injustiça social, histórica e aviltante.

O presidente da Câmara Federal Hugo Motta tem todo o direito de falar em nome da sua tropa, mas perde a razão quando – e se - acerta uma coisa de noite e muda de opinião de manhã.

 

Lira foi a voz do Centrão e do monstro das emendas por quatro anos, mas pelo menos mantinha, é o que dizem os governistas, a palavra dada.  

O presidente da República tem a obrigação de buscar a reparação no STF quando se sente lesado pelas decisões do parlamento – se é que elas ferem a Constituição (a decisão será os ministros).

Não ir é prevaricar.

O problema para os loucos por emendas é que eles sabem que andaram fazendo coisa errada, o que ministro Flávio Dino mostrou com sobras. 

Que ninguém se engane: o Congresso tem deputados e senadores com espírito público, independentemente de posições político-ideológicas. 

Está na hora, também, dessa banda tocar mais alto, para que o som do parlamento brasileiro não seja a sinfonia da grosseria e da plutocracia.