A chantagem de Arthur Lira pra cima do governo Lula

13/02/2023 12:08 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Arthur Lira, o rei do orçamento secreto, está chateadíssimo com o governo Lula. Pelos quatro cantos do Congresso, o homem reclama que sua patota foi escanteada nas nomeações para ministérios. Reeleito presidente da Câmara Federal com uma votação nunca vista na história deste país, ele exige uma parte valiosa dos cargos da gestão petista. Até agora, a frustração é imensa. Magoado, Lira manda recados ameaçadores para o núcleo duro do petismo.

Reportagem da revista Veja detalha os lances da situação que envolve o deputado alagoano e o PT. Diante da insatisfação com o presidente Lula, o rei Arthur ameaça complicar a vida do governo na votação de projetos que estão na agenda. Projetos, aliás, que são prioridade absoluta para o governo, como reforma fiscal e reordenamento da máquina administrativa.

O presidente da Câmara exige cargos relevantes pra sua turma porque se considera um “aliado” do governo. Na verdade, um aliado nada confiável, como é a marca desses tipos na política. Até o dia da eleição, ele foi um engajado cabo eleitoral de Jair Bolsonaro, aquele bandido que, após a derrota, foi vadiar pela Flórida.

Esperto do jeito que é, assim que saiu o resultado das urnas no segundo turno, Lira pegou o telefone e disparou uma chamada para o novo presidente eleito. “Alô, presidente Lula, parabéns pela vitória. Estamos juntos. Aqui é seu parceiro, o Arthur. Estou pronto para ajudar na reconstrução do Brasil”. Foi o que ele teria dito, segundo me contaram. Pela Constituição tenho o direito de não revelar as fontes – para não expor ninguém ao perigo... Não sei se fui claro.

Resumindo, Lula e seu partido estão no alvo de uma tremenda chantagem. Se não entregarem o que Arthur Lira quer, o bicho vai pegar. As pautas relevantes do governo serão trituradas no parlamento. Sei que os termos parecem rudes, mas é assim mesmo na política. 

Lula e os mandachuva do PT, é claro, sabem o que está em jogo nessas horas. E sabem com quem estão lidando. Ninguém aí é inocente, muito menos santo. Por enquanto, petistas não passam recibo da irritação com a postura do presidente da Câmara – querem a paz, e não a guerra. 

O problema é a dosimetria nas eventuais concessões à voracidade republicana do rei Arthur. (De novo, não sei se fui claro o suficiente). Porque, como falei antes, ninguém está a fim de alimentar uma briga. Não agora. Os dois lados querem tocar o barco em águas tranquilas. A meta é, como diria Celso Russomano, “ficando bom para ambas partes”, amarrar o grande acordo.

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